HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosEmbora a morte seja um processo natural do ciclo vital, a perda de uma pessoa amada é considerada uma das experiências mais desorganizadoras que o ser humano pode vivenciar (Franco, 2010). No contexto hospitalar, o enfrentamento de situações emergenciais e morte torna-se parte da rotina para o Psicólogo Hospitalar, evidenciando a necessidade de ampliação de ações e processos em saúde que possam atender e perceber as demandas mais amplas que ali se realizam. A presença do psicólogo no contexto oncológico tem como objetivo a compreensão do impacto do câncer no funcionamento do paciente, da família e da equipe e do papel das variáveis psicológicas na incidência e na sobrevivência da doença. O óbito na infância, além de representar a perda real e irreversível de uma pessoa amada, também remete a ideia de uma vida que não teria sido cumprida, gerando comoção, incredulidade, perplexidade e uma forte repercussão social.
ObjetivosEste trabalho tem como objetivo apresentar os resultados monitorados do Programa de Cuidados Especiais ao Óbito, desenvolvido pelo Serviço de Psicologia Hospitalar, no período de 2023 a 2025.
Material e métodosNo período de um ano e sete meses, dezembro de 2023 a julho de 2025, foram analisados 86 óbitos na instituição, evidenciando o acompanhamento psicológico em 96,5% dos casos, com o oferecimento de suporte em demandas decorrentes do adoecimento, hospitalização e, principalmente, no pré-óbito. Com relação ao cuidado no momento do óbito, 38,4% dos casos receberam acolhimento da psicologia na ocasião.
ResultadosOutro dado importante referiu-se a que trinta e três (38,4%) desses pacientes também estavam sendo acompanhados pela Equipe de Cuidados Paliativos, o que apontou significativa melhora na relação de cuidados, com adequação na relação médico-paciente-familiares, melhora na comunicação e padrões de relacionamentos e vínculos familiares, favorecedores do processo de luto. Além disso, em sete casos, foi possível a oferta de psicoterapia breve focada no processo pós-óbito e de luto. O dado corrobora com a literatura, que estima que apenas 10 a 20% das pessoas que passaram por uma perda experienciam dificuldades em lidar com o luto, incluindo o desenvolvimento do Transtorno de Luto Prolongado, e se beneficiam de uma intervenção profissional.
Discussão e conclusãoConstatamos que o acompanhamento psicológico durante o tratamento oncológico é imprescindível, sendo possível identificar diversos benefícios do mesmo, principalmente no momento do óbito, onde o Psicólogo deve estar presente, com olhar diferenciado e escuta atenta, validando a história de vida de pacientes e familiares, promovendo a autonomia e dignidade da díade paciente-familiar-acompanhante, em fortalecimento de atmosfera de respeito, conforto, dignidade, suporte e comunicação aberta, influindo de maneira decisiva no controle dos sintomas, na ética e humanizada intenção de proporcionar um modelo de atendimento psicológico que promove a conduta paliativa entre as práticas assistenciais, em exemplo de qualidade e humanização em saúde.





