HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO papel do enfermeiro no transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) vai além de infundir quimioterapia ou células precursoras hematopoéticas (CPH). Para o sucesso do tratamento são necessárias terapias de suporte, entre elas a hemotransfusão. Essa terapia se baseia na prevenção e tratamento de sintomas hemorrágicos/anemia, assim como na prevenção da aloimunização. Devido ao perfil complexo dos pacientes e mieloablação ocasionada, a maioria dos pacientes necessitará de hemocomponentes. Durante a internação do TCTH são realizadas cerca de 5 a 20 unidades de hemácias e plaquetas, sendo as plaquetas o componente mais utilizado. Essa quantidade varia conforme alguns fatores: intensidade do tratamento proposto, tipo de TCTH e complicações observadas.
ObjetivosDescrever os principais cuidados de enfermagem e o papel do enfermeiro na infusão de hemocomponentes em um hospital universitário do sul do Brasil.
Material e métodosTrata-se de um relato de experiência baseado na prática assistencial desenvolvida na unidade de internação de TCTH.
Discussão e conclusãoOs cuidados transfusionais são realizados exclusivamente pela enfermagem da unidade e incluem: conferência do histórico de reações transfusionais; monitoramento de sinais vitais e condições hemodinâmicas; vigilância de sangramento; coleta de prova de compatibilidade transfusional (dupla checagem); orientação transfusional ao paciente; administração de pré-medicação (se necessário); conferência do hemocomponente, armazenamento adequado e identificação do paciente (dupla checagem); conferência de desleucocitação e irradiação; redeterminação do grupo sanguíneo à beira-leito; utilização de equipo com filtro adequado; instalação em via venosa adequada e exclusiva, revisando o fluxo ideal; vigilância de reações imediatas e tardias; conferência de infusão em tempo ideal; e registro no prontuário. Outros cuidados específicos que alteram os cuidados também devem ser observados, como: presença de anticorpo irregular; anticorpo frio; ou refratariedade plaquetária. Além disso, o enfermeiro assume o papel de capacitar a equipe para monitoramento adequado do paciente no ato transfusional. Adicionalmente, são seguidos os cuidados de rotina em um ambiente protegido: vigilância dos exames, coleta de sangue e culturais, orientação para prevenção de infecções, quedas, sangramentos, higiene corporal, supervisão da equipe na prevenção de infecções, higienização de superfícies, cuidados com acesso central e precaução contato quando necessário. Assim, é fundamental que o enfermeiro tenha conhecimento específico sobre cada hemocomponente e seus cuidados na administração, na prevenção de reações e na vigilância transfusional. A instituição, junto com a equipe técnica do TCTH, optou que este processo seja liderado pelos enfermeiros da unidade e não pela equipe transfusional, como ocorre nas demais áreas do hospital. Entendemos que ao assumir este processo, conhecendo melhor o paciente e estando presente durante e após a transfusão, aumentamos a segurança transfusional, reduzindo os riscos associados. Em suma, esse perfil de paciente tem alto risco de complicações e disfunções orgânicas, sendo essencial ao enfermeiro conhecer a condição hematológica/clínica de seus pacientes, assim como a rotina de prevenção de complicações relacionadas a trombocitopenia, anemia, e reações transfusionais.
Referências:
Yuan S, Yang D, Nakamura R, et al. RBC and platelet transfusion support in the first 30 and 100 days after haploidentical hematopoietic stem cell transplantation. Transfusion. 2020;6:2225-42.




