HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA gestão de pacientes com histórico complexo de transfusões com aloanticorpos e autoanticorpos continua sendo um grande desafio. O ensaio da Monocamada de Monócitos (MMA) tem sido descrito como ferramenta útil, na tentativa de transfusões alternativas em casos de incompatibilidade sanguínea, permitindo avaliar in vitro o risco de hemólise. Este estudo tem como objetivo relatar o caso de uma paciente com múltiplas transfusões incompatíveis detectadas por testes sorológicos convencionais, foi submetida ao MMA, possibilitando a seleção adequada de bolsas para transfusão.
Descrição do casoPaciente do sexo feminino, 76 anos, portadora de Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) e câncer de pele, evoluiu com anemia hemolítica autoimune, sendo admitida para internação em unidade de pronto atendimento na cidade de Manaus. Durante o internamento, recebeu cinco unidades de concentrado de hemácias incompatíveis, administradas ao longo de um intervalo de 13 dias. Apesar das transfusões, observou-se queda progressiva e persistente nos níveis de hemoglobina. Em 02/07/2025, amostras foram encaminhadas à Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (HEMOAM), que constatou os níveis de Hemoglobina (Hb) de 3,4 g/dL, teste de Coombs direto positivo para IgG e teste de Coombs indireto positivo. Diante do quadro, foi realizado o Ensaio da Monocamada de Monócitos Modificado (MMA) visando predizer o risco de reação hemolítica. Foram avaliadas duas bolsas de concentrado de hemácias com o fenótipo D+, C+, E-, c+, e+, Cw-, K-. O MMA demonstrou índice monocítico inferior a 5% em ambas as bolsas, apesar de previamente classificadas como incompatíveis pelos testes convencionais. Com base nesses achados, procedeu- se à transfusão, a qual foi bem-sucedida, resultando em melhora clínica significativa e aumento dos níveis de hemoglobina para 6,8 g/dL no controle laboratorial subsequente.
ConclusãoO MMA, por simular in vitro a interação entre eritrócitos e monócitos, permite estimar o risco de destruição eritrocitária pós-transfusão, fornecendo informações preditivas que não são obtidas por testes da rotina. No caso apresentado, a identificação de índice monocítico inferior a 5% em duas bolsas inicialmente classificadas como incompatíveis, possibilitou sua utilização com segurança, resultando em melhora na clínica da paciente. Esses dados corroboram com estudos prévios que demonstram a utilidade do MMA na redução de reações hemolíticas e na ampliação de opções transfusionais em pacientes com anticorpos múltiplos, especialmente quando há necessidade urgente de suporte hematológico. O uso do MMA demonstrou impacto clínico direto, permitindo a realização de transfusão segura em paciente com alto risco imunológico e condições clínicas graves. A técnica mostrou-se eficaz na predição de risco hemolítico, validando seu papel como uma técnica complementar em contextos transfusionais de alta complexidade.




