HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA doença falciforme é uma enfermidade genética e hereditária causada por mutação no gene da hemoglobina A, originando a hemoglobina S. Inclui combinações como SS (homozigose), S/Beta-talassemia, SC, SD, SE e outras variantes raras. Seus sintomas decorrem da desoxigenação dos glóbulos vermelhos, levando à falcização o que desencadeia diversas complicações. A gestação em mulheres com essa condição representa risco elevado para a mãe, o feto e o recém-nascido. Dentre os riscos maternofetais destacam-se: crises vaso-oclusivas, aborto, infecção urinária, complicações pulmonares, anemia, parto prematuro, pré-eclâmpsia e óbito. Por isso, é essencial o acompanhamento especializado em um serviço de pré-natal de alto risco, em parceria com Hemocentro e Unidade Básica de Saúde - UBS.
Descrição do casoMulher de 27 anos, com diagnóstico de doença falciforme – HbSS, em seguimento no Hemocentro de Juiz de Fora/MG, inserida em programa de transfusões de troca devido a AVC prévio. Era assídua ao tratamento, mas comparecia sem familiar. Com histórico de aborto, informou gravidez em setembro de 2024, após teste de BhCG positivo. Relatou ter tido a primeira consulta na UBS do município e encaminhada ao serviço de pré-natal de alto risco em Juiz de Fora. Estava feliz com a gestação e demandava constantes orientações. Para fortalecer o acompanhamento à paciente pela UBS, a equipe entrou em contato solicitando sua inclusão no grupo de gestantes. Durante a gestação, houve atuação da equipe frente às demandas apresentadas, reforçando o cuidado integral em seus aspectos sociais, emocionais, físicos e clínicos, promovendo um ambiente acolhedor e seguro. Nas últimas semanas, observou a necessidade de intensificar o acompanhamento: a paciente demonstrava confusão sobre as orientações do pré-natal, resistência em relação à UBS e desconhecimento sobre a maternidade de referência, desejando ter o parto em hospital sem estrutura adequada. Diante disso, a equipe alinhou estratégias para melhorar a comunicação entre os serviços envolvidos por meio de contato formal. O Hemocentro, com o qual a paciente possuí vínculo e confiança, buscou sensibilizá-la quanto à importância do comparecimento às consultas na UBS, responsável por encaminhá-la no momento do parto; da escolha de um hospital com recursos adequados para mãe e bebê; e da participação do esposo, fortalecendo a rede de apoio. O parto ocorreu em abril de 2025, em hospital de referência para gestantes de alto risco em Juiz de Fora. Em visita hospitalar, a paciente e o esposo destacaram a importância das orientações recebidas no Hemocentro durante a gestação, especialmente nas semanas finais. Mencionaram também a importância da última consulta no pré-natal de alto risco, a visita domiciliar da obstetra da rede municipal e o transporte disponibilizado para referenciá-la ao hospital.
ConclusãoAlém do acompanhamento hematológico, a atuação da equipe interdisciplinar é essencial para garantir o cuidado integral. Neste caso, o trabalho interdisciplinar foi determinante na condução da gestação e planejamento do parto seguro para mãe e bebê. A mediação com os serviços da rede e o fortalecimento da rede de apoio familiar, também, foram fundamentais. Através dessas intervenções, foi possível oferecer suporte adequado com foco na saúde maternoinfantil em condições seguras.




