HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosOs distúrbios primários da medula óssea constituem um grupo heterogêneo de doenças caracterizadas por alta gravidade clínica, complexidade diagnóstica e impacto significativo na sobrevida dos pacientes. A análise dos padrões de mortalidade associados a essas condições é fundamental para compreender sua distribuição e evolução, além de subsidiar ações de saúde pública e estratégias de manejo mais eficazes.
ObjetivosAvaliar o perfil epidemiológico da mortalidade por distúrbios primários da medula óssea no Brasil entre os anos de 2019 a 2023.
Material e métodosTrata-se de um estudo transversal, descritivo e retrospectivo, baseado em dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), disponível no DATASUS. Foram coletados registros de óbitos ocorridos no Brasil entre 2019 e 2023, conforme a CID-10: D46 (síndromes mielodisplásicas), D60 (aplasia pura da série vermelha adquirida), D61 (outras anemias aplásticas), C90 (mieloma múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos), C91 (leucemia linfóide), C92 (leucemia mieloide), C93 (leucemia monocítica), C94 (outras leucemias de células de tipo especificado) e C95 (leucemia de tipo celular não especificado). As variáveis analisadas foram: região, faixa etária, sexo e cor/raça.
ResultadosEntre 2019 e 2023, foram registrados no Brasil 35.374 óbitos por leucemias, 18.193 por mieloma múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos, 5.113 por síndromes mielodisplásicas, 4.265 por anemias aplásticas e 210 por aplasia pura da série vermelha adquirida, com maior registro no ano de 2023. Dentre os subtipos de leucemia, a forma mieloide apresentou a maior mortalidade (17.564), seguida pela linfoide (10.194), de tipo celular não especificado (6.665), outras leucemias de células de tipo especificado (725) e monocítica (226). A região Sudeste concentrou o maior número de óbitos por mieloma múltiplo (9.248), leucemia mieloide (8.179) e linfoide (4.298), síndromes mielodisplásicas (2.682), outras anemias aplásticas (2.038) e aplasia pura da série vermelha adquirida (74). A faixa etária mais atingida foi a de 80 anos ou mais, exceto para mieloma múltiplo (5.441), leucemia mieloide (3.907) e outras leucemias de tipo especificado (228), com predomínio entre 70 e 79 anos. Houve mais óbitos entre indivíduos brancos, seguidos pelos de cor parda, e homens, salvo nas anemias aplásticas e aplasia pura da série vermelha, que atingiu mais mulheres.
Discussão e conclusãoA análise dos resultados revelou elevada mortalidade por neoplasias hematológicas no Brasil, com predomínio de óbitos por leucemia mieloide e mieloma múltiplo. Idosos com 70 anos ou mais foram os mais afetados, ressaltando o impacto dessas doenças nessa faixa etária. Observou-se maior ocorrência de mortes entre indivíduos brancos e residentes na região Sudeste, o que pode refletir tanto a composição demográfica quanto desigualdades no acesso aos serviços de saúde. O aumento dos óbitos em 2023 pode estar associado a melhorias na notificação, mas também a atrasos no diagnóstico e tratamento decorrentes da pandemia de COVID-19. Este estudo identificou que as neoplasias hematológicas foram responsáveis pela maior mortalidade relacionada aos distúrbios primários da medula óssea no Brasil entre 2019 e 2023, com crescimento expressivo na região Sudeste. Os achados sugerem maior acesso ao diagnóstico, mas também evidenciam desigualdades regionais que influenciam os desfechos clínicos.




