HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA LMA é uma neoplasia hematológica agressiva e biologicamente heterogênea, de início rápido e curso progressivo, que se origina na medula óssea e progride para a corrente sanguínea. Achados laboratoriais típicos incluem leucocitose, anemia e trombocitopenia. Entretanto, dados sobre a prevalência combinada dessas alterações permanecem limitados, especialmente em populações brasileiras.
ObjetivosDescrever as características laboratoriais de pacientes diagnosticados com LMA em um centro de referência oncológico e determinar a prevalência da ocorrência simultânea de leucocitose, anemia e trombocitopenia, comparando-a com a descrita na literatura, bem como avaliar sua associação com desfecho prognóstico.
Material e métodosEstudo retrospectivo observacional com 107 pacientes diagnosticados com LMA em um centro oncológico de referência. Foram analisados valores iniciais de hemoglobina, plaquetas, leucócitos e desfecho clínico. A frequência das alterações hematológicas e ocorrência de leucocitose, anemia e trombocitopenia foi comparada a dados descritos na literatura, obtidos por busca de artigos na base PubMed.
ResultadosEntre os 107 pacientes incluídos, leucocitose (leucócitos > 6 × 103/μL) foi observada em 68 pacientes (63,0%), anemia (hemoglobina < 8 g/dL) em 47 (43,5%) e plaquetopenia (plaquetas < 60 × 103/μL) em 67 (62,0%). A ocorrência simultânea de leucocitose, anemia e trombocitopenia esteve presente em 18 pacientes (16,7%). Além disso, 17 pacientes (15,7%) apresentaram hiperleucocitose (> 100.000/μL) no momento do diagnóstico, com taxa de óbito de 64,7% (11/17), superior à observada nos pacientes sem hiperleucocitose (42,9%; 39/91).
Discussão e conclusãoNo presente estudo, observou-se elevada frequência de leucocitose, plaquetopenia e anemia entre os pacientes com LMA, porém a presença simultânea da dessas alterações foi identificada em apenas 16,7% dos casos, reforçando que essa associação não é universal. Estudos prévios descrevem anemia em 80– 90% dos pacientes, plaquetopenia em 70–80% e leucocitose em 30–50%, com ampla variação nas contagens leucocitárias iniciais (6.600 a 110.000/μL). Na comparação com a literatura, a frequência de leucocitose nesta coorte foi cerca de 30% superior à média descrita, enquanto a proporção de anemia foi inferior, sugerindo diferenças no perfil clínico-laboratorial desta população. Quanto ao impacto prognóstico, estudos indicam que a hiperleucocitose (> 100.000/μL) está associada a maior risco de morte precoce e complicações por leucostase. No presente estudo, a mortalidade foi mais elevada entre os pacientes com hiperleucocitose (64,7%) em comparação aos sem essa condição (42,9%), em concordância com o padrão descrito na literatura. A alta prevalência de leucocitose sugere que parte dos pacientes pode se enquadrar em grupos de maior risco. A ocorrência simultânea de leucocitose, anemia e trombocitopenia foi observada em uma minoria dos pacientes, confirmando que sua ocorrência pode ser heterogênea em diferentes populações. A frequência elevada de leucocitose, especialmente de hiperleucocitose associada a maior mortalidade, ressalta a importância desse achado como potencial marcador de risco e reforça a necessidade de caracterizações regionais para compreensão do perfil clínico-laboratorial da doença.




