HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia promielocítica aguda (LPA) é uma emergência hematológica potencialmente fatal por coagulopatia. Em pacientes previamente expostos a quimioterapia, pode ocorrer como LPA terapêutica. A confirmação envolve a detecção do rearranjo molecular t(15;17)(q24.1;q21.2) - PML-RARA; porém, reconhecer precocemente o imunofenótipo é crítico para iniciar ácido all-trans-retinoico (ATRA).
Descrição do casoTrata-se de um relato de caso de análise clínico-laboratorial de uma paciente do sexo feminino, com 71 anos, a paciente foi previamente diagnosticada com Linfoma Folicular (LF) e tratada com 6 ciclos de R-CHOP (rituximabe + ciclofosfamida + doxorrubicina + vincristina + prednisona), obtendo remissão completa da doença em 2022. Fazia acompanhamento regular com análise oncológica e laboratorial quando em Maio-Junho/2025 apresentou mal-estar e fraqueza, com progressiva pancitopenia. Em Maio/2025 o hemograma (12/05) apresentou intensa pancitopenia (Hemoglobina 6,8 g/dL, Leucócitos Totais: 700/mm3 e Plaquetas: 12.000/mm3) e o mielograma (20/05) evidenciou hipoplasia com 9,6% de células imaturas peroxidase positiva. A biópsia (21/05) demonstrou medula óssea hipercelular com 15% de células imaturas, diseritropoese leve e hipocelularidade megacariocítica. Em 28/05, o hemograma apresentou pancitopenia persistente, com aumento de promielócitos anômalos em sangue periférico. A imunonofetipagem de sangue periférico foi realizada em 02/06 e evidenciou 92,8% de células imaturas compatíveis com promielócitos anômalos com fenótipo positivo para CD13, CD33, CD117, MPO, CD38, CD64, CD123, CD45, CD34 parcial, compatível com LPA. O resultado do cariótipo demonstrou a presença da t(15;17)(q24.1;q21.2) e reação em cadeia da polimerase do tipo qualitativa confirmou o rearranjo molecular PML-RARA. É conhecido na literatura casos de leucemia mieloide aguda ou síndrome mielodisplásica relacionados à terapia com R-CHOP, mas são escassos relatos de Leucemia Promielocítica Aguda terapêutica. A evolução temporal e achados clínicos apresentados neste caso, com exposição prévia a alquilantes e antraciclinas (R-CHOP), sustentam a hipótese de LPA terapêutica que foi confirmada com achados citogenéticos e moleculares. Deste modo, enfatiza-se o relevante papel da imunofenotipagem no auxílio diagnóstico, permitindo início imediato do ATRA e suporte hemostático.
ConclusãoEmbora raro, neoplasias hematológicas podem surgir em pacientes previamente expostos a regimes terapêuticos com alquilantes e antraciclinas. Este caso reforça a importância do acompanhamento clínico e vigilância laboratorial, com impacto indiscutível no diagnóstico precoce e melhor prognóstico, além de considerar os riscos e benefícios do tipo de tratamento do Linfoma Folicular.




