HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Residência Multiprofissional em Saúde (RMS), instituída pela Lei no 11.129/2005, configura-se como uma pós-graduação lato sensu voltada à formação em serviço de profissionais de saúdeNo Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti – HEMORIO, o Programa de Residência Multiprofissional em Hematologia e Hemoterapia é composto por residentes graduados em Enfermagem, Serviço Social, e Biomedicina. Diante dos desafios que exigem não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades emocionais, relacionais e éticas enfrentadas no cotidiano de uma instituição de alta complexidade, surgiu, em 2022, o projeto “Interagir”, grupo de reflexão mensal com os residentes. A proposta visa reduzir a percepção de estresse, promover acolhimento emocional, fortalecer os laços sociais entre os profissionais em formação e estimular autoconhecimento e fortalecer as relações interpessoais.
ObjetivosApresentar a experiência de implantação e desenvolvimento do projeto “Interagir”.
Material e métodosRelato de experiência que surgiu a partir de observações da coordenação geral da residência que identificou dificuldades na interação social e no relacionamento interpessoal no contexto da RMS nas relações entre residentes, coordenações e preceptores. Os encontros ocorrem mensalmente, com duração de 2h e a facilitação é conduzida por enfermeira e psicólogo, externos à equipe de preceptores, com intuito de garantir um espaço seguro, horizontal e de livre expressão, através de atividades com dinâmica de grupo. Foi implementada uma avaliação conduzida pelos residentes anualmente, que classifica o encontro, materiais e métodos utilizados, os facilitadores e uma autoavaliação.
ResultadosA atividade baseou-se na técnica do grupo operativo e nos princípios dos grupos de reflexão, promovendo a aprendizagem coletiva por meio da escuta ativa, análise crítica da realidade e elaboração compartilhada das vivências cotidianas. Os temas discutidos emergem das falas dos participantes e frequentemente envolvem questões como sofrimento psíquico, terminalidade, insegurança, frustrações, relações interprofissionais, dilemas éticos e o impacto emocional da prática clínica. Ao longo da realização do projeto, os relatos indicam benefícios significativos, como sensação de acolhimento, pertencimento, essenciais para criar um espaço seguro e inclusivo, promovendo o compartilhamento de ideias e experiências, alívio emocional, reflexões que contribuem para a prática e autoconhecimento e maior conexão entre os participantes. Observou-se ainda o fortalecimento dos vínculos interpessoais, ampliação da empatia e uma maior integração entre as categorias profissionais, favorecendo o trabalho colaborativo e a corresponsabilidade no cuidado.
Discussão e conclusãoA experiência evidenciou a relevância de espaços reflexivos sistemáticos na formação de profissionais da saúde, especialmente em contextos de alta complexidade. A proposta mostrou-se uma importante estratégia de cuidado aos cuidadores, promovendo saúde mental, qualificação das relações de trabalho e fortalecimento de uma formação interprofissional mais humanizada. A sistematização dessa prática aponta para a necessidade de uma institucionalização nos programas de residência, reconhecendo que o desenvolvimento técnico-científico deve caminhar junto ao suporte emocional e ético dos profissionais em formação.




