HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosPacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) estão suscetíveis a diversas complicações orais, tanto relacionadas ao regime de condicionamento quanto a intervenções invasivas hospitalares, como a intubação orotraqueal. A atuação odontológica, quando precoce e integrada ao cuidado multidisciplinar, pode prevenir agravos, melhorar o conforto e impactar positivamente os desfechos clínicos. Objetivo: Relatar a conduta odontológica aplicada ao manejo de xerostomia medicamentosa e lesões traumáticas em cavidade oral, em paciente internado para TCTH haploidêntico com finalidade curativa.
Descrição do casoPaciente de 61 anos, sexo masculino, com diagnóstico de anemia aplástica severa, foi submetido a TCTH haploidêntico aparentado. Durante a internação, desenvolveu xerostomia intensa, atribuída à polifarmácia, e apresentou lesões traumáticas em mucosa oral decorrentes da intubação orotraqueal. A conduta odontológica inicial consistiu na implementação de medidas preventivas e educativas, adaptadas à condição clínica e socioeconômica do paciente, com uso de escova de cerdas macias, dentifrício fluoretado infantil, bochechos com clorexidina 0,12% e lubrificante oral à base de água. Foi instituída laserterapia de baixa potência como profilaxia para mucosite. Após a extubação, identificaram-se lacerações em palato duro, língua, mucosa jugal e labial, as quais comprometeram significativamente a função oral, impossibilitando inclusive a ingestão de água. Diante do quadro, uma avaliação interprofissional foi conduzida e foi estabelecido protocolo terapêutico com higiene oral supervisionada duas vezes ao dia e desbridamento mecânico suave com solução de glicerina e água filtrada, que também atuou como agente umectante, visto a contraindicação do uso de fotobiomodulação e risco de sangramento por quadro de plaquetopenia persistente. Observou-se boa adesão ao tratamento, com melhora clínica significativa das lesões em quatro dias.
ConclusãoA intervenção odontológica precoce e individualizada foi fundamental para o alívio sintomático, controle da inflamação local e prevenção de infecções secundárias, favorecendo a recuperação clínica do paciente e possivelmente contribuindo para a redução do tempo de internação. Este relato ressalta o papel estratégico do cirurgião-dentista hospitalar como integrante da equipe multiprofissional em hemato-oncologia, sobretudo diante de intercorrências não previstas, como os traumas orais de origem iatrogênica. A presença de equipe odontológica qualificada no ambiente hospitalar onco-hematológico é estratégica para o manejo de complicações orais, contribuindo para melhores desfechos clínicos, conforto do paciente e preservação da função oral. Relatos como este reforçam a necessidade de protocolos integrados de cuidado que incluam a Odontologia de forma ativa e sistemática no contexto do TCTH.




