HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA segurança transfusional depende diretamente da eficácia dos processos de triagem clínica e laboratorial realizados antes da doação de sangue, sendo fundamental para prevenir a transmissão de doenças e assegurar a qualidade dos hemocomponentes.
ObjetivosEste estudo teve como objetivo analisar os resultados da triagem sorológica de candidatos à doação de sangue atendidos pela Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE), entre maio de 2020 e maio de 2024, verificando o desempenho do indicador frente às metas institucionais.
Material e métodosTrata-se de estudo observacional, descritivo e retrospectivo, com abordagem quantitativa, baseado em dados secundários do Sistema de Banco de Sangue (SBS) e do Monitoramento Mensal dos Indicadores de Qualidade Institucionais (IQs). Foram avaliados doadores do Hemocentro Recife e das Campanhas de Coleta Externa. Os marcadores sorológicos incluíram sífilis, HIV, hepatites B e C, HTLV I/II, doença de Chagas, TGP e testes moleculares do tipo NAT.
ResultadosNo período estudado, a sífilis foi o marcador mais prevalente, totalizando 4.128 casos reagentes (3.870 no Hemocentro e 258 nas coletas externas). Em seguida, a hepatite B core (anti-HBc) apresentou 2.375 casos (2.217 e 158, respectivamente), e o HCV somou 290 casos (260 e 30). O HIV e o HTLV apresentaram ambos 277 casos (256 no Hemocentro e 21 nas coletas externas). A doença de Chagas foi identificada em 84 casos, com maior concentração nas unidades do interior, enquanto o NAT-HIV detectou 267 casos adicionais não identificados pelos testes sorológicos convencionais. O desempenho geral do indicador apresentou média de 2,55%, permanecendo dentro dos parâmetros institucionais e nacionais (meta < 3%). Observou-se que o Hemocentro concentrou a maior parte dos casos absolutos, enquanto algumas infecções, como HTLV e Chagas, tiveram proporção mais elevada nas coletas externas, evidenciando perfis epidemiológicos distintos.
Discussão e conclusãoA elevada frequência de infecções crônicas preveníveis reforça a necessidade de ações integradas que incluam processos efetivos de contra-referência dos doadores inaptos sorologicamente aos serviços de saúde para diagnóstico confirmatório, tratamento oportuno e acompanhamento clínico. Essa articulação com as redes municipais e estaduais de saúde possibilita não apenas o cuidado individual, mas também o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à prevenção, rastreamento e controle dessas infecções, especialmente nas regiões com maior vulnerabilidade epidemiológica. Conclui-se que a análise sistemática dos indicadores sorológicos, associada à utilização do NAT, ao fortalecimento da contra-referência e à integração entre sistemas de informação, gestão da qualidade e vigilância epidemiológica, representa estratégia essencial para garantir um ciclo do sangue mais seguro, eficiente e alinhado às metas nacionais de qualidade.




