HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) é um retrovírus identificado em quatro tipos (HTLV-1 a HTLV-4), sendo o HTLV-1 o mais associado a doenças como a Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia Associada ao HTLV (PET/MAH) e a leucemia/linfoma de células T do Adulto (ATL). Apesar de sua relevância clínica, o HTLV permanece negligenciado pela saúde pública global, recebendo menos atenção e investimento do que outros retrovírus. Estima-se que 10 a 20 milhões de pessoas estejam infectadas no mundo, com maior prevalência em regiões como Japão, Caribe, partes da África e América do Sul. A transmissão pode ocorrer por via sexual, vertical (mãe-filho) ou parenteral, especialmente por transfusão sanguínea. No Brasil, apesar da triagem sorológica obrigatória desde 1993, existe a chamada infecção oculta, na qual indivíduos infectados apresentam carga viral detectável no DNA de leucócitos, mas resultados sorológicos negativos, dificultando a detecção e comprometendo a segurança transfusional.
ObjetivosDiscutir as implicações da infecção oculta para o HTLV-1/2 na segurança transfusional e o controle de sua disseminação.
Material e métodosA pesquisa foi realizada por meio de uma revisão narrativa da literatura, onde foram pesquisados artigos nas seguintes bases de dados PubMed, SciELO e ScienceDirect, utilizando os descritores controlados “Human T-lymphotropic virus” e “Blood transfusion”, combinados com os termos livres “Occult infection” e “Molecular detection”. Para contornar a escassez de literatura recente, o período de busca foi expandido para os últimos dez anos, incluindo artigos originais, revisões e metanálises publicados em português, inglês e espanhol.
Discussão e ConclusãoA literatura mostra que a infecção por HTLV-1/2 apresenta prevalência variável no mundo, com destaque para América Latina e Ásia. No Brasil, estudos detectaram DNA pró-viral do HTLV-1 em politransfundidos soronegativos, evidenciando infecção oculta. Mesmo com vigilância rigorosa, Japão e China ainda registram casos indetectáveis por sorologia convencional, indicando distribuição heterogênea do vírus, inclusive em regiões não endêmicas. A triagem sorológica segue como padrão nos bancos de sangue, por meio de testes como ELISA e quimioluminescência, porém apresentam limitações em fases iniciais ou em indivíduos com baixa resposta imune. Quando há suspeita clínica ou epidemiológica, mesmo com testes sorológicos negativos, o protocolo deve incluir exames moleculares, como a pesquisa do NAT (Teste de Ácidos Nucleicos), para confirmação do DNA pró-viral. A infecção oculta é especialmente preocupante em pacientes submetidos a transfusões frequentes, como os com hemoglobinopatias. Apesar da relevância, há carência de estudos específicos nessa população, dificultando o reconhecimento e a vigilância da transmissão transfusional silenciosa do HTLV. Dessa forma, os dados indicam que a infecção oculta por HTLV-1/2 em pacientes politransfundidos é uma realidade clínica que precisa ser considerada, sugerindo a inclusão de métodos moleculares complementares na triagem, visando maior segurança transfusional e controle mais eficaz da disseminação do vírus, especialmente entre os mais vulneráveis.




