HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) preocupam há séculos. No Brasil, em 2019, cerca de 1 milhão de pessoas foram diagnosticadas com essas doenças, sendo sífilis e HIV as mais relevantes. A sífilis, causada pelo Treponema pallidum, possui estágios variados e pode gerar complicações graves ou morte. Transmite-se por via sexual, vertical e objetos contaminados, assim como o HIV, que compromete o sistema imunológico ao atacar linfócitos TCD4+. A coinfecção pode aumentar a carga viral do HIV e dificultar diagnóstico e tratamento. O conceito de “grupos de risco” foi substituído por “comportamentos de risco”, considerando práticas individuais e fatores sociais e culturais que aumentam a vulnerabilidade a essas infecções. Entre 2012‒2022, houve 1.237.027 casos de sífilis adquirida,[1] entre 2007‒2021, 381.793 de HIV, quase metade no Sudeste.[2] Em Sorocaba, 2020‒2021, foram 824 casos de sífilis e 337 de HIV.[3] Este ultimo dado reforça a necessidade de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessas patologias.
ObjetivosCaracterizar candidatos à doação(16–71 anos) inaptos por HIV e/ou sífilis(2018‒2023), identificar grupos afetados, descrever perfil por sexo, idade e zonas em Sorocaba, elaborar material educativo.
Material e métodosEstudo observacional, analítico e retrospectivo, com dados secundários do Hemonúcleo de Sorocaba. Incluíram-se doadores inaptos por HIV e/ou sífilis, excluíram-se sorologias normais ou alteradas por outras doenças. Frequências analisadas por idade, sexo e procedência. Revisou-se literatura para embasar intervenção. Após análise, realizou-se ação no COLSAN com entrega de materiais e conscientização. A coleta foi autorizada via TCUD e aprovada pelo CEP PUCSP (CAAE n° 78509724.30000.5373), conforme Resoluções CNS n° 466/12 e n° 510/16.
ResultadosEntre 2018-2023, média de 33.782 doações anuais, pico em 2021 e queda em 2020 (COVID-19). Destas, 1.482 apresentaram sorologia reagente para HIV e/ou sífilis. Sorologias alteradas reduziram 61,9% (950→362), mas HIV/sífilis mantiveram média de 247/ano. Sífilis predominou (> 77% das alterações), atingindo 84,25% em 2023. Coinfecção < 1%, com risco aumentado para neurossífilis. Predominaram homens (59,7%) e faixa etária 24–39 anos, associada a comportamentos sexuais de risco. HIV representou 15,8% das alterações HIV/sífilis e 6,29% do total, valores expressivos frente a outros estudos.[4] Retorno ao Hemonúcleo foi baixo. Zona Norte concentrou >75% dos casos, chegando a 84,35% de sífilis em 2023. Outras zonas também tiveram valores relevantes, contudo inferiores à ZN: Centro 6,82%, ZL 14,7%, ZO 20,75% e ZS 14,56%.
Discussão e conclusãoApesar da redução geral das sorologias alteradas, HIV e sífilis mantiveram-se estáveis, com predominância da sífilis em homens jovens adultos. A concentração na Zona Norte indica influências sociais e estruturais, como a alta densidade populacional e falta de serviços públicos. Todas as zonas apresentaram casos, mostrando que comportamentos de risco estão amplamente disseminados. A baixa adesão ao retorno reforça barreiras de acesso e estigma social. Urgem ações educativas contínuas e territorializadas, como a deste estudo, aliando prevenção e segurança transfusional. Projeto com fomento do CNPq.
Referências:
- 1.
Brasil. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico de Sífilis – Número Especial – Out. 2022.
- 2.
Brasil. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Especial HIV/Aids – Dez. 2021.
- 3.
Câmara Municipal De Sorocaba. [s.l.]: [s.n.], [s.d.].
- 4.
Anvisa. 9° Boletim Anual de Produção Hemoterápica, 2022.




