HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA segurança transfusional depende tanto da realização de testes laboratoriais rigorosos quanto de vigilância clínica contínua. Protocolos padronizados de acompanhamento transfusional são essenciais para a detecção precoce de reações adversas. No entanto, barreiras operacionais podem comprometer a adesão adequada pelas equipes assistenciais. A Central de Monitoramento Assistencial (CMoA), composta por profissionais especializados em vigilância remota, constitui uma estratégia inovadora para apoiar a conformidade assistencial em tempo real. A CMoA monitora diversos indicadores institucionais por meio de dados extraídos do prontuário eletrônico, incluindo informações relacionadas à transfusão. O sistema é parametrizado para identificar lacunas, e a equipe assistencial é acionada por telefone sempre que a ausência de um dado for detectada.
ObjetivosAvaliar o impacto da implantação da CMoA na adesão ao protocolo institucional de acompanhamento transfusional, com ênfase na completude e conformidade dos registros assistenciais durante e após a transfusão.
Material e métodosEstudo observacional, retrospectivo e comparativo, realizado em hospital terciário de grande porte. Foram analisadas transfusões realizadas em dois períodos: pré-implantação (set/2022 a jun/2023) e pós-implantação da CMoA (jul/2023 a jul/2025). Os indicadores de completude considerados foram: (1) notificação do enfermeiro responsável; (2) controle de gotejamento; (3) horário de término; (4) volume infundido; e (5) sinais vitais ao término. As informações foram extraídas do prontuário eletrônico e submetidas à análise estatística. Também foram contabilizadas as intervenções realizadas pelo CMoA (ligações telefônicas) e calculado o percentual dessas intervenções em relação ao total de transfusões instaladas no leito.
ResultadosA média de registros completos aumentou de 55,1% para 60,7% após a implantação da CMoA, evidenciando maior engajamento das equipes e conscientização sobre boas práticas transfusionais. Houve também redução no número de intervenções realizadas pela CMoA no primeiro ano após a implementação, indicando consolidação das rotinas assistenciais.
Discussão e conclusãoA CMoA mostrou-se eficaz para promover práticas seguras e padronizar registros, com intervenções em tempo real. Além da melhora quantitativa, observou-se evolução qualitativa da cultura organizacional, com maior engajamento da equipe de enfermagem no processo transfusional. A adesão poderia ter sido ainda mais expressiva, porém a indisponibilidade do indicador de monitoramento transfusional entre julho de 2024 e julho de 2025 limitou a divulgação contínua dos resultados às equipes, reforçando a necessidade da educação permanente como pilar da segurança transfusional. A atuação da Central de Monitoramento Assistencial mostrou-se eficaz na ampliação da adesão ao protocolo institucional de acompanhamento transfusional e na qualificação do cuidado prestado. A adoção de estratégias de monitoramento remoto integradas à prática assistencial representa uma inovação promissora para fortalecer a segurança transfusional e consolidar uma cultura de qualidade nos serviços de saúde.




