HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia mielóide aguda (LMA) é uma neoplasia caracterizada pela proliferação de precursores mieloides imaturos na medula óssea, com diversas repercussões clínicas e laboratoriais. Casos refratários apresentam sobrevida reduzida e opções terapêuticas limitadas. A avaliação morfológica seriada pode revelar tanto o diagnóstico, como transformações celulares, heterogeneidade clonal e sinais precoces de progressão. O objetivo deste tratamento foi relatar e analisar a progressão morfológica em medula óssea e líquidos corporais em paciente com LMA refratária, desde o diagnóstico até o desfecho, destacando alterações celulares e evolução morfológica. Teve como Material e Métodos, a Análise retrospectiva do prontuário eletrônico (Philips Tasy®) e materiais biológicos.
Descrição do casoE.M.O., 63 anos, encaminhada à Hematologia do Hospital de Amor Barretos em 28/08/2024 com suspeita de LMA após leucocitose persistente (188.440 leucócitos/mm3) e 88% de células imaturas. No diagnóstico, apresentava equimoses e odinofagia. Mielograma: 90% de blastos, imunofenotipagem com 79% de células blásticas CD34-/HLA-DR-, expressão de CD13, CD15, CD33, CD117, MPO e CD56 aberrante. Painel molecular: mutações NPM1 e FLT3-TKD. Iniciou azacitidina; no 5º ciclo, acrescentado venetoclax. Após seis ciclos de azacitidina e dois de venetoclax (abril/2025), novo mielograma mostrou persistência de doença ativa. Em maio/2025, piora clínica (dor óssea, dispneia, edema, icterícia, falência orgânica) e achados sugestivos de necrose medular. Momentos morfológicos: Agosto/2024 – Diagnóstico: blastos grandes, nucléolos evidentes, cromatina frouxa, citoplasma granulado, agrupamento celular → alta atividade proliferativa. Abril/2025 – Intermediário: espículas hipercelulares, blastos com morfologia monocitoide, citoplasma abundante, núcleo irregular → transformação morfológica e possível subclonalidade. Maio/2025 – Fase terminal: aspirado com “ghost cells” e macrófagos fagocitando detritos; líquido pleural com blastos e macrófagos reativos → infiltração extramedular. Discussão: A evolução morfológica na LMA reflete agressividade e refratariedade e a Necrose medular é rara, com poucos relatos sobre incidência, características e prognóstico. A coexistência de mutações FLT3 e NPM1 associa-se a curso agressivo e prognóstico variável, e a progressão morfológica costuma indicar menor taxa de remissão e piores desfechos, podendo relacionar-se a toxicidade terapêutica, embora mecanismos permaneçam incertos. A análise citomorfológica seriada, mesmo subjetiva, ajuda a reconhecer padrões de mau prognóstico e antecipar decisões, como terapias de resgate ou transplante.
ConclusãoA avaliação morfológica seriada evidenciou evolução desfavorável, com transição de blastos indiferenciados para fenótipo monocitoide e, por fim, necrose medular extensa. O caso reforça a importância de integrar análise citomorfológica e acompanhamento clínico para melhor compreensão da dinâmica da LMA e seu prognóstico. A apresentação contará com fotos sobre os momentos morfológicos.




