HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA malária é uma doença infecciosa parasitária causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitida principalmente pela picada do mosquito Anopheles, mas que também pode ocorrer por transfusão de hemocomponentes contaminados. No Brasil, segundo a Portaria GM/MS n° 158/2016 e consolidada na Portaria n° 5/2017, a triagem laboratorial obrigatória para malária em doadores de sangue é restrita a regiões endêmicas com transmissão ativa. Em áreas não endêmicas, como o estado de São Paulo, adota-se apenas a avaliação clínico-epidemiológica, baseada no histórico de viagens e sintomas. Essa abordagem, embora prática, pode não identificar portadores assintomáticos com parasitemia residual, sobretudo frente ao aumento da mobilidade populacional. A Nota Técnica n° 49/2023 do Ministério da Saúde recomenda progressivamente a incorporação do teste NAT malária (Grifols) nos Serviços de Triagem, ampliando a vigilância laboratorial para áreas não endêmicas.
ObjetivosAvaliar a prevalência de positividade para malária em doadores do Banco de Sangue do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em São Paulo, utilizando o teste NAT malária (Grifols), e descrever o perfil sociodemográfico e a procedência geográfica dos doadores positivos.
Material e métodosEstudo retrospectivo, observacional e transversal. Serão analisados dados anonimizados de 500 doadores cujas amostras foram submetidas ao teste NAT malária, realizado como parte da rotina assistencial. As variáveis avaliadas incluirão resultado do teste, idade, sexo, raça/cor, escolaridade, procedência geográfica e histórico de viagens. A análise será descritiva, com cálculo de prevalência, médias e desvios-padrão, e estratificação por procedência e características demográficas.
ResultadosDo total de 472 doadores triados, a idade média foi de 38,3 anos e a mediana foi 39 anos, sendo 246 (52,1%) homens e 226 (47,9%) mulheres. Em relação à raça, o predomínio foi caucasoide (290, 61,4%) e de 3° grau completo (366, 77,5%). A principal procedência foi São Paulo (294, 62,3%). Esperava-se encontrar uma baixa prevalência de positividade para malária entre os doadores, com maior frequência entre aqueles provenientes de áreas endêmicas ou com histórico de viagens para tais regiões, contudo nenhum caso de positividade em NAT malária foi encontrado.
Discussão e conclusãoJá foram descritos triagem positiva para doadores de sangue testados pelo HEMORIO, Colsan e Fundação Prosangue, todos assintomáticos. A análise dos nossos dados poderia revelar a existência de casos positivos mesmo entre doadores considerados aptos pela triagem convencional, apontando possíveis falhas no modelo clínico-epidemiológico atual. Contudo a pequena casuística testada associada a possível baixa prevalência da parasitemia assintomática, foram prováveis causas da ausência de casos positivos. Há a necessidade de revisão dos protocolos de triagem, especialmente em grandes centros urbanos que recebem doadores de diversas regiões do país. A utilização do teste molecular NAT malária surge como ferramenta promissora para ampliar a detecção de infecções por Plasmodium em estágio assintomático e com carga parasitária muito baixa, que não seriam identificadas pelos métodos tradicionais. A identificação precoce desses casos é fundamental para prevenir a transmissão transfusional.




