HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO conhecimento prévio dos fatores epidemiológicos associados às alterações sorológicas entre doadores pode trazer maior rigor na triagem clínica dos candidatos à doação e maior segurança transfusional.
ObjetivosIdentificar fatores de risco associados a alterações sorológicas entre doadores de sangue de um serviço privado de hemoterapia.
Material e métodosEstudo retrospectivo, a partir de banco de dados informatizado em serviço de hemoterapia privado, entre abril de 2024 a maio de 2025. Foram avaliados os resultados sorológicos não-negativos (reagentes e indeterminados) entre doadores de sangue conforme gênero, faixa etária, perfil de doação (primeira vez, esporádico ou repetição) e agente infeccioso. Os dados foram analisados pelo teste estatístico qui-quadrado, com definição dos respectivos intervalos de confiança.
ResultadosDurante o período avaliado, foram realizadas 15.166 doações. Desse total, 242 apresentaram resultados sorológicos não-negativos o que corresponde a 1,6% do número de doações. Os achados mais frequentes foram relacionados à sífilis (64,9%) seguido do marcador anti-HBc reagente (29,3%). A idade média dos doadores com resultados avaliados foi de 39,0±3,5 anos. Dentre os fatores associados à alteração dos testes, foi observado um risco 4,1 vezes maior entre doadores de primeira vez (95% IC 2,81–6,00), além de maior probabilidade de alterações entre doadores do sexo masculino (OR=1,46; 95% IC 1,12–1,90) e acima de 60 anos (OR=2,10; 95% IC 1,10–4,01). Após a convocação do serviço para orientações, houve retorno de 37,6% do grupo estudado, sem diferença significativa relacionada a sexo, faixa etária ou perfil de doação.
Discussão e conclusãoA legislação hemoterápica brasileira recomenda a realização de testes de triagem sorológica para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), sífilis, hepatites B e C, Chagas e Vírus T-Linfotrópico Humano (HTLV), entre doadores de sangue. Tal medida de rastreio não apenas diminui o risco de transmissão infecciosa aos receptores dos hemocomponentes, mas contribui para a orientação de possíveis portadores de doença assintomática quanto à suspeita clínica levantada pelos exames. Um estudo multicêntrico nacional, publicado em 2025, concluiu que a soroprevalência treponêmica foi maior entre doadores de sangue de primeira vez que eram mais velhos, do sexo masculino e com menor nível educacional, mas com tendência crescente na última década na soroprevalência entre doadores de sangue mais jovens.
ConclusãoOs doadores de primeira vez, do sexo masculino e acima de 60 anos tiveram maior probabilidade de apresentarem triagem sorológica alterada, na população avaliada, sugerindo a necessidade de maior vigilância na abordagem de candidatos à doação oriundos desses grupos.




