HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosPacientes com anticorpos irregulares representam desafios à rotina transfusional, exigindo identificação precisa e busca minuciosa por hemocomponentes compatíveis com o perfil fenotípico do receptor. Esse processo demanda articulação eficiente entre unidades transfusionais, bancos de sangue e laboratórios especializados, sendo fundamental para assegurar transfusões seguras.
ObjetivosRelatar a experiência no gerenciamento transfusional de pacientes com anticorpos irregulares, destacando desafios imuno-hematológicos e logísticos na obtenção de unidades compatíveis, conforme o fenótipo identificado.
Material e métodosEstudo descritivo de dois casos acompanhados por agência transfusional de hospital privado de grande complexidade. O primeiro caso refere-se à paciente WLPO, grupo A Rh positivo, pós-transplante renal, que desenvolveu aloanticorpos Anti-Lua e Anti-Fya após transfusões. O segundo envolve a paciente RCSP, também grupo A Rh positivo, internada por infecção do trato urinário, que apresentou aloanticorpo Anti-P1 após transfusão de duas unidades de concentrado de hemácias. Em ambos os casos, a pesquisa de anticorpos irregulares foi positiva nos testes pré- transfusionais, sendo os painéis encaminhados ao Laboratório de Referência para identificação. Após a confirmação, iniciou-se a busca por hemocomponentes compatíveis com foco no perfil fenotípico completo.
ResultadosNo caso WLPO, após confirmação dos anticorpos Anti-Lua e Anti-Fya, iniciou-se busca por bolsas com fenótipo Rh e Kell (E-, K-). Os segmentos foram enviados para fenotipagem estendida, permitindo selecionar unidades negativas para Lua e Fya, garantindo compatibilidade transfusional em tempo adequado. Para a paciente RCSP, a baixa frequência do antígeno P1 negativo exigiu busca interestadual por concentrados c-, E-, K-, P1-. A pesquisa em sistema informatizado identificou doadores compatíveis no Banco de Sangue Serum, em São Paulo. O processo envolveu convocação de doadores, coleta, testes, transporte interestadual e compatibilização final na agência transfusional. Em ambos os casos, a articulação entre setores do hospital, laboratórios e serviços externos de hemoterapia possibilitou superar os desafios e garantir transfusões seguras com unidades fenotipicamente compatíveis.
Discussão e conclusãoO manejo de pacientes com anticorpos irregulares demanda ações coordenadas entre equipes assistenciais, laboratoriais e transfusionais. A identificação de anticorpos raros exige recursos técnicos e rede estruturada para viabilizar a compatibilidade. A baixa frequência de certos antígenos torna o processo mais desafiador, especialmente em contextos de urgência. A cooperação interinstitucional, incluindo rastreio nacional de doadores e transporte de bolsas, mostrou-se decisiva para garantir o sucesso transfusional.
ConclusãoO gerenciamento transfusional de pacientes com anticorpos raros requer planejamento, agilidade e integração entre instituições. A experiência relatada reforça a importância da identificação precoce dos anticorpos, de uma logística eficiente e do trabalho colaborativo entre serviços para garantir hemocomponentes compatíveis, seguros e disponíveis em tempo hábil, promovendo a segurança transfusional e a qualidade no cuidado ao paciente.




