O transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) no paciente pediátrico pode provocar diversas alterações gastrintestinais devido à alta toxicidade relacionada à fase do condicionamento. Tais alterações causam prejuízos na absorção dos nutrientes e no aporte nutricional, podendo resultar na piora do estado nutricional da criança. Na ausência da toxicidade grave do trato gastrintestinal, a alimentação enteral tem sido amplamente indicada para pacientes pediátricos submetidos ao TCTH, tendo a sonda nasoenteral (SNE) a via preferencial. A identificação precoce da nutrição desequilibrada e a indicação da utilização da SNE é uma importante ferramenta para o cuidado da criança submetida ao TCTH autólogo.

Identificar a utilização do diagnóstico de enfermagem (DE) “Nutrição Desequilibrada: menor que as necessidades corporais” e a utilização da dieta via SNE em pacientes pediátricos submetidos ao TCTH autólogo.

Trata-se de estudo descritivo, com relato de experiência de enfermeiras de um hospital universitário do sul do país, com avaliação dos TCTH Autólogos pediátricos, de maio de 2024 a maio de 2025, em uma unidade de oncologia pediátrica.

No período analisado, foram realizados nove TCTH autólogos pediátricos. A idade dos pacientes variou entre 1 e 14 anos. O DE ‘Nutrição Desequilibrada: menor que as necessidades corporais’ foi utilizado para cinco pacientes. Já a SNE foi utilizada para dieta por oito pacientes e o único que não a utilizou, possuía gastrostomia.

Os dados encontrados neste estudo reforçam a relevância do DE “Nutrição Desequilibrada: menor que as necessidades corporais” no cuidado de pacientes pediátricos submetidos ao TCTH Autólogo. O fato de mais da metade dos pacientes (5 de 9) terem apresentado este diagnóstico evidencia o impacto significativo que o regime de quimioterapia em altas doses tem sobre o estado nutricional dessas crianças, frequentemente levando à inapetência, mucosite, náuseas, vômitos e outras complicações gastrointestinais. A utilização da SNE em oito dos nove pacientes demonstra que, mesmo diante de estratégias para manter a alimentação oral, há necessidade frequente de suporte nutricional invasivo para garantir a oferta calórica e proteica mínima necessária para a recuperação hematopoética e para a manutenção das funções vitais. A exceção – um paciente com gastrostomia – confirma que, independentemente da via, o suporte nutricional é uma necessidade quase universal nesse perfil de pacientes.

Esses achados ressaltam a importância da atuação precoce e multiprofissional no manejo nutricional de crianças em TCTH, especialmente o papel da enfermagem na identificação do DE de nutrição desequilibrada e na implementação e monitoramento da dieta por via enteral. A vigilância constante, o uso de escalas de avaliação nutricional, e a comunicação eficaz entre os profissionais de enfermagem, nutrição e medicina são essenciais para minimizar perdas ponderais, reduzir complicações infecciosas e promover melhores desfechos clínicos.