HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma folicular (LF) é uma neoplasia linfoproliferativa de células B. Apesar do comportamento indolente e da sobrevida global (SG) prolongada, o LF permanece incurável na maioria dos casos, sendo marcado por recorrências, risco de transformação histológica e progressão precoce da doença após o tratamento inicial. Diante da complexidade clínica e molecular da doença, torna-se essencial compreender os fatores que limitam a eficácia terapêutica.
ObjetivosEsta revisão tem como objetivo discutir as evidências atuais sobre os tratamentos e os desafios no manejo do linfoma folicular.
Material e métodosRealizou-se uma revisão de literatura por meio da base de dados PubMed, utilizando os descritores “follicular lymphoma” AND “prognosis”. Foram excluídos relatos de caso, estudos pediátricos e trabalhos com foco estritamente molecular ou experimental, sem aplicabilidade clínica direta. Foram aplicados filtros para incluir apenas ensaios clínicos publicados a partir de 2020. Após triagem por título e resumo, foram selecionados 14 artigos que abordaram aspectos clínicos, terapêuticos e prognósticos do linfoma folicular em adultos (≥18 anos).
Discussão e conclusãoO linfoma folicular apresenta progressão precoce (POD24) em aproximadamente 20% dos pacientes, associando-se a pior prognóstico, com SG reduzida (p < 0,001). A manutenção com rituximabe após quimioterapia demonstrou benefícios na sobrevida livre de progressão (SLP), com razão de chances de 0,55 (p = 0,007) em comparação ao grupo sem manutenção. Por outro lado, o protocolo rituximabe mais lenalidomida, avaliado no estudo RELEVANCE, apresentou taxa de resposta global de 84% (p = 0,13) e SLP em 3 anos de 77% (p = 0,33), valores que não alcançaram significância estatística, o que não evidenciou superioridade em relação à quimioterapia convencional e sugerindo limitação na eficácia clínica deste regime em primeira linha. O inibidor de EZH2, tazemetostat, apresentou taxa de resposta de 69% em pacientes com mutação EZH2, comparado a 35% naqueles sem mutação (p < 0,0001). Entre os anticorpos biespecíficos, o mosunetuzumabe obteve resposta completa em 60% dos casos de LF recidivado ou refratário (p < 0,0001). Já a terapia com células CAR-T (axicabtagene ciloleucel) alcançou resposta completa de 77% e SLP de 67% em 18 meses (p < 0,0001) em pacientes previamente tratados. Apesar das opções terapêuticas para o LF, persistem desafios no manejo da doença. A POD24 tem sido associada a pior prognóstico. A introdução do rituximabe na manutenção melhorou a SLP. Já o tazemetostat foi eficaz apenas naqueles casos com presença da mutação EZH2. CAR-T e anticorpos biespecíficos sugerem resultados promissores, mas ainda possuem acesso limitado no Brasil. Todos esses dados reforçam a necessidade de individualização terapêutica e ampliação no acesso às terapias mais modernas.




