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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 421
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DESAFIOS OCULTOS DO LINFOMA DO MANTO: RELATOS E REALIDADES DOS PACIENTES
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FCS Simão, I Gorayb, N Melo, F Fedozzi, C Moura, JR Gioseffi
Abrale, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O linfoma de células do manto (LCM) é um subtipo raro de linfoma não-Hodgkin, caracterizado pela superexpressão da ciclina D1 e frequentemente diagnosticado em estágios avançados. Apesar dos avanços com inibidores da tirosina quinase de Bruton (BTK), como o Ibrutinibe, o LCM ainda é considerado de difícil controle e baixa taxa de cura. Diante disso, compreender a vivência dos pacientes é essencial para orientar políticas públicas, melhorar o acesso e qualificar o cuidado oncológico.

Objetivos

Compreender os impactos do LCM na vida dos pacientes, seus desafios no diagnóstico, tratamento e acesso à informação, visando subsidiar ações de comunicação, advocacy e melhoria da atenção integral.

Material e métodos

Trata-se de um estudo qualitativo, baseado em grupo focal com sete pacientes diagnosticados com LCM. A seleção foi feita por amostra por conveniência, a partir do banco de dados da ABRALE, incluindo participantes de diversas regiões do Brasil. As entrevistas, realizadas virtualmente, seguiram roteiro pré-estruturado e foram analisadas com base em análise de discurso.

Resultados

Os pacientes relataram um processo de diagnóstico longo e, por vezes, equivocado, com sintomas pouco específicos como dores no corpo, nódulos, cansaço e sudorese. Muitos profissionais inicialmente não associaram os sinais ao LCM, atrasando a confirmação diagnóstica. Apenas dois dos sete participantes não enfrentaram barreiras para iniciar o tratamento. A maioria relatou dificuldades com a cobertura de medicamentos pelos planos de saúde ou ausência de protocolos atualizados no SUS, sendo necessária judicialização. Sobre o suporte emocional e social, todos relataram apoio familiar e das equipes médicas, mas evidenciaram carência de acesso a psicólogos e especialistas. Houve destaque para o impacto da doença na rotina, no trabalho e nas relações sociais. Alguns pacientes relataram perda de vínculos por estigmas associados à doença. Porém, muitos reforçaram o fortalecimento de laços e o aprendizado com a experiência. As expectativas em relação ao futuro são majoritariamente positivas, com confiança nos avanços da medicina. Também foi destacada a importância da informação qualificada sobre os direitos dos pacientes.

Discussão e conclusão

A experiência dos participantes reflete um cenário de vulnerabilidade comum a pacientes com doenças raras e hematológicas no Brasil. O desconhecimento sobre o LCM, tanto por parte da população quanto de profissionais da saúde, compromete o diagnóstico precoce e a efetividade do cuidado. As dificuldades no acesso a medicamentos e a necessidade de judicialização revelam falhas no financiamento e atualização das políticas públicas. Ainda, a falta de suporte psicológico e de articulação com equipes multiprofissionais impacta diretamente a qualidade de vida. O estigma social e os desafios cotidianos reforçam a importância de estratégias comunicativas e educativas sobre a doença.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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