Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1065
Acesso de texto completo
DESAFIOS NA IDENTIFICAÇÃO DE ANTICORPOS DE ESPECIFICIDADE ANTI-F (CE)
Visitas
19
AB Almeida, HC Silveira, TG Leite, GdSC de Jesus, D Siegel
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (HEMOSC), Florianópolis, SC, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

A identificação de anticorpos de especificidade anti-f (ou anti-ce) pode representar um desafio significativo em imuno-hematologia, especialmente em contextos de transfusão e gestação. O antígeno f (ou ce) é um epítopo conformacional presente em indivíduos que expressam simultaneamente os antígenos ce do sistema Rh, situados no mesmo cromossomo (em cis). A ausência dessa combinação pode levar à formação de anticorpos anti-f após sensibilização por transfusão ou gestação.

Descrição do caso

Receptor de concentrado de hemácias, sexo masculino, 35 anos, foi atendido no Hemocentro com diagnóstico de anemia secundária à neoplasia. Os testes de triagem evidenciaram positividade em todas as células testadas, por metodologia de gel-centrifugação. Quando realizado com tratamento enzimático (papaína), as reações encontradas foram de intensidade 4+, e em solução salina de baixa força iônica (LISS) as reações apresentaram intensidades de 3+, com autocontrole positivo (2+), evidenciando, a presença de autoanticorpos na amostra. Complementarmente foi utilizada a técnica em tubo, com pesquisa de autoanticorpos frios, potencializados à 16°C, com 2+ de reatividade. Em temperatura ambiente não houve reatividade, e em AGH apresentou positividade semelhante em todas as células testadas dos painéis. Assim, foi concluída a presença de autoanticorpos frios; no entanto, ainda era preciso inativar os autoanticorpos quentes para análise da presença de possíveis aloanticorpos. Recorreu-se à técnica de aloadsorção a 37°C, a fim de coibir a influência dos autoanticorpos quentes, que evidenciou a reatividade do anticorpo com células que expressavam o antígeno f, ou seja “c” (Rh4) e “e” (Rh5), no mesmo haplótipo (Rhce). A contraprova, utilizando a fenotipagem do receptor foi: C-,c+,E+,e-,K- (R2R2 K-). Resultado coerente com esperado frente ao anticorpo identificado (anti-f), com significância de 99,76%. O concentrado de hemácias selecionado para a transfusão, seguiu o fenótipo do receptor.

Conclusão

No caso descrito, a presença do anti-f foi isolada do soro após a adsorção e sua especificidade foi confirmada por meio de testes complementares. Esse anticorpo tem implicações para a medicina transfusional, visto que indivíduos com anticorpos anti-f podem necessitar de concentrados de hemácias de mesmo haplótipo. Porém, nos casos em que o receptor possua aloanticorpos de especificidade anti-f e não seja possível realizar a sua fenotipagem para Rh/K, devem ser fornecidos os fenótipos R2R2 K- ou R1R1 K-. A infrequência do anti-f, aliada à falta de descrição deste antígeno em alguns diagramas comerciais, exige do analista treinamento e conhecimento técnico para identificá-lo. A presença de autoanticorpos, também dificulta a análise, necessitando da aplicação de técnicas complementares que realizem a inativação destes, a fim de possibilitar a identificação da especificidade dos aloanticorpos. O anticorpo descrito é potencialmente hemolítico e, portanto, de grande importância transfusional. A identificação correta deste é crucial para garantir transfusões sanguíneas seguras e prevenir reações transfusionais hemolíticas.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas