HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA triagem clínica é uma etapa essencial na qualidade e no processo de doação de sangue, sendo o formato de abordagem do questionário e o acolhimento do doador pelo triador uma estratégia diferenciada, especialmente quando se trata de um público diverso. Esse contexto exige ações estruturadas para garantir que a triagem ocorra de forma clara, ética e assertiva, reduzindo frustrações, recusas e inaptidões desnecessárias.
ObjetivosEste estudo teve como objetivo analisar os desafios enfrentados por um banco de sangue privado que atua em serviço público na cidade de Nova Iguaçu (RJ), especialmente quanto à triagem clínica de candidatos à doação. O foco foi compreender o impacto da baixa escolaridade na elegibilidade dos doadores, identificar falhas no processo e implementar melhorias na comunicação entre triador e doador, promovendo maior segurança transfusional.
Material e métodosA pesquisa foi conduzida entre julho de 2023 e julho de 2024, com abordagem qualitativa e quantitativa, por meio de análise retrospectiva dos registros de inaptidões (temporárias e definitivas), reuniões com a equipe técnica e revisão das triagens clínicas em sistema informatizado. Também foram avaliadas semanalmente as causas de inaptidão, com feedback individualizado às triadoras. A equipe manteve sua composição ao longo do período, o que favoreceu a avaliação da evolução profissional e da condução das entrevistas clínicas. Foram adotadas estratégias como: a revisão e padronização da linguagem das perguntas da triagem; Treinamentos semanais com foco em clareza e consistência; Elaboração de material educativo online e impresso com os critérios básicos de doação; Compartilhamento mensal dos principais motivos de inaptidão com a equipe de captação; Pré-orientação dos candidatos antes de ações externas e caravanas de doadores.
ResultadosFoi observado que grande parte dos candidatos à doação apresentava dificuldade de compreensão dos critérios de elegibilidade, especialmente sobre ISTs, uso de medicamentos e histórico de saúde. Ao longo do ano, houve uma evolução significativa na segurança e habilidade das triadoras. A análise semanal das inaptidões possibilitou identificação precoce de inconsistências, falhas de comunicação e ajustes no processo. Reduziu-se a taxa de erros de inaptidão e melhorou-se a assertividade da entrevista clínica. A integração entre triagem e captação também permitiu que os doadores fossem mais bem orientados previamente, diminuindo frustrações e recusas.
Discussão e conclusãoO perfil sociocultural da população atendida influencia diretamente na triagem clínica. A baixa escolaridade impõe o desafio de comunicação efetiva, exigindo do profissional da triagem uma abordagem clara, objetiva e acolhedora. A manutenção da equipe favoreceu a padronização e o crescimento técnico das triadoras, e a análise contínua dos dados permitiu intervenções pontuais e educativas. A atuação integrada entre setores promoveu um processo mais humanizado e eficaz. A experiência demonstra que a qualificação contínua da equipe, associada a estratégias educativas e à análise constante dos dados, é fundamental para melhorar a triagem clínica em populações com baixa escolaridade. A comunicação eficaz e a atuação conjunta entre triagem e captação são determinantes para reduzir inaptidões desnecessárias, aumentar a satisfação do doador e garantir a segurança transfusional.




