HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs doenças hematológicas, quando evoluem para estágios avançados ou se tornam refratárias ao tratamento, impõem aos pacientes um curso clínico marcado por dor, sofrimento e limitação funcional. Nesses casos, os cuidados paliativos se tornam fundamentais para garantir conforto, dignidade e qualidade de vida. Essa abordagem, que integra o alívio da dor, o controle de sintomas e o suporte psicossocial e espiritual, é especialmente relevante em hematologia, onde a imprevisibilidade do prognóstico pode retardar a introdução do cuidado paliativo. A enfermagem ocupa posição central nesse contexto, atuando de forma contínua e humanizada junto ao paciente e sua família.
ObjetivosAnalisar, por meio de revisão da literatura, a atuação da enfermagem nos cuidados paliativos oferecidos a pacientes com doenças hematológicas, destacando intervenções, desafios e contribuições para a qualidade da assistência.
Material e métodosFoi realizada uma revisão narrativa da literatura nas bases PubMed, Embase e Scopus, utilizando os descritores: “cuidados paliativos”, “enfermagem” e “doenças hematológicas”, combinados pelos operadores booleanos AND e OR. Foram incluídos artigos publicados entre 2019 e 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol.
Discussão e conclusãoA literatura analisada demonstra que a enfermagem atua como um elo essencial entre o paciente, a família e a equipe multiprofissional. Essa atuação abrange a identificação precoce de sintomas físicos e emocionais, o oferecimento de acolhimento e a promoção do diálogo aberto sobre os objetivos de cuidado. Profissionais de enfermagem capacitados em cuidados paliativos são consistentemente mais aptos a manejar sintomas complexos como dor, fadiga, náuseas, ansiedade e sofrimento existencial, contribuindo para o alívio do desconforto do paciente. Apesar das contribuições significativas, a integração plena da enfermagem nos cuidados paliativos em hematologia enfrenta desafios notáveis. Entre os principais, destacam-se a sobrecarga de trabalho, a ausência de protocolos específicos adaptados à realidade da hematologia e a persistente lacuna na formação adequada em cuidados paliativos. No entanto, a integração precoce da enfermagem em estratégias paliativas permite não apenas um melhor controle de sintomas, mas também melhora substancialmente a comunicação com o paciente e seus familiares, favorecendo a tomada de decisões compartilhadas e um planejamento de cuidado mais alinhado aos desejos do paciente. A atuação da enfermagem nos cuidados paliativos em hematologia vai além da execução de procedimentos técnicos, fundamentando-se em sensibilidade, escuta ativa e presença cuidadosa. A qualificação profissional contínua, o reconhecimento institucional da importância dos cuidados paliativos e a inserção estruturada dessa abordagem nos serviços de hematologia são essenciais para uma assistência ética, integral e centrada na pessoa, garantindo dignidade e qualidade de vida até o fim.




