HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs hemoglobinopatias crônicas, como a anemia falciforme, caracterizam-se por crises vaso-oclusivas, dor crônica intensa e sofrimento psicossocial, que impactam a qualidade de vida dos pacientes. No Sistema Único de Saúde (SUS), os serviços municipais, frequentemente responsáveis pelo atendimento inicial e continuado, enfrentam barreiras para integrar cuidados paliativos (CP), abordagem centrada no alívio de sintomas físicos, emocionais e sociais. A subutilização de CP no manejo de crises e dor contribui para piores desfechos clínicos, sobretudo em contextos de média complexidade, com limitações de infraestrutura e capacitação. Esta revisão narrativa explorou desafios e estratégias para implementação de CP em hemoglobinopatias no SUS, adaptando experiências internacionais ao contexto brasileiro.
Descrição do casoO objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão narrativa sobre a aplicação de CP em hemoglobinopatias crônicas, com ênfase no manejo da dor e crises agudas em serviços municipais, identificando barreiras estruturais, logísticas e educacionais, além de propor estratégias viáveis para otimizar a assistência no SUS. Para isso, conduziu-se revisão nas bases PubMed, SciELO e LILACS, incluindo artigos publicados entre 2010 e 2024. Os descritores utilizados foram “palliative care”, “sickle cell disease”, “pain management”, “chronic diseases” e “public health systems”. Selecionaram-se estudos sobre manejo da dor, crises falcêmicas, abordagem multidisciplinar e CP em serviços públicos, com foco em contextos aplicáveis ao SUS. A literatura mostra que os CP promovem melhora da qualidade de vida, reduzem hospitalizações e otimizam o controle da dor crônica e aguda. Estratégias como analgesia escalonada, uso de escalas validadas (como a Escala Visual Analógica) e intervenções psicossociais, como suporte psicológico e técnicas de relaxamento, são eficazes. Nos serviços municipais do SUS, a implementação de CP enfrenta obstáculos como ausência de protocolos, deficiência na formação profissional e desarticulação entre atenção primária, urgência e centros de referência. A escassez de equipes especializadas e a sobrecarga dos serviços contribuem para a fragmentação do cuidado, gerando atrasos no manejo de crises e subtratamento da dor. A integração precoce de CP no SUS pode transformar o cuidado em hemoglobinopatias, especialmente em hospitais municipais com alta demanda por crises. Estratégias incluem triagem rápida, uso sistemático de escalas de dor e planos terapêuticos individualizados que combinem intervenções farmacológicas (opioides, anti-inflamatórios) e não farmacológicas (suporte psicológico, técnicas de relaxamento, musicoterapia). Experiências internacionais reforçam a eficácia de diretrizes simplificadas, adaptáveis a contextos com poucos recursos, que podem orientar protocolos locais. Investir em capacitação e reorganização dos fluxos é fundamental para garantir abordagem centrada no paciente, mesmo em serviços com estrutura limitada.
ConclusãoA integração de CP no manejo das hemoglobinopatias no SUS é viável e necessária, inclusive em serviços municipais. A reorganização dos fluxos, a capacitação de equipes multiprofissionais e a adoção de protocolos locais são estratégias promissoras para melhorar o controle da dor e das crises vaso-oclusivas, promovendo assistência mais humanizada. A adaptação de experiências internacionais à realidade do SUS pode fortalecer a implementação de CP, reduzindo morbimortalidade e ampliando a qualidade de vida dos pacientes.




