As neoplasias hematológicas englobam um grupo diverso de doenças, que variam desde formas agressivas e de rápida progressão até condições indolentes, de evolução lenta. Essa heterogeneidade torna o prognóstico especialmente desafiador, o que frequentemente atrasa o encaminhamento para os serviços de Cuidados Paliativos (CP).

Avaliar o conhecimento dos onco-hematologistas brasileiros sobre o conceito de CP e descrever o perfil dos pacientes encaminhados para esses serviços.

Foram analisados 21 questionários respondidos por onco-hematologistas em atividade no Brasil. As variáveis avaliadas incluíram perfil demográfico e profissional dos participantes, compreensão prévia sobre CP, ferramentas clínicas utilizadas para triagem de candidatos aos CP, estágio da doença no momento do encaminhamento, momento das discussões sobre terminalidade e o intervalo médio entre a indicação de CP e o óbito do paciente.

Embora a maioria dos participantes demonstrasse compreensão adequada sobre o conceito de Cuidados Paliativos, o encaminhamento aos serviços ocorreu, em geral, de forma tardia e com pouca utilização de ferramentas padronizadas de triagem. As discussões sobre terminalidade frequentemente ocorriam em estágios avançados da doença, limitando os benefícios de uma integração precoce dos CP.

Os resultados evidenciam a necessidade urgente de capacitação profissional direcionada e da integração precoce e sistemática dos Cuidados Paliativos na prática clínica em onco-hematologia. O estudo reforça a importância da colaboração interdisciplinar e da formação específica para a melhoria da qualidade do cuidado aos pacientes com neoplasias hematológicas.