HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs tecnologias de Inteligência Artificial Generativa (IAG) tem sido utilizadas como fonte rápida e acessível de informações sobre saúde, incluindo doação de sangue. Diante dessa revolução, torna-se essencial avaliar a confiabilidade dessas respostas à luz da legislação brasileira.
ObjetivosAvaliar a confiabilidade de IAGs ao fornecer informações sobre critérios de doação de sangue para leigos que utilizam as plataformas como fonte inicial de informação.
Material e métodosForam elaboradas 30 questões sobre critérios para doação de sangue, divididas em 3 pilares: Critérios Básicos, Inaptidão Temporária e Inaptidão Definitiva, com base nas Portarias 158/2016 e de Consolidação n° 05/2017. Posteriormente, foram aplicadas às 5 IAGs mais utilizadas: Gemini, ChatGPT, Perplexity, Copilot e Claude. As respostas foram analisadas e classificadas em: Corretas (totalmente alinhadas com a legislação), Incompletas (parcialmente corretas, com ausência de detalhes importantes), Incompatíveis com a Legislação (em desacordo com as normas), Incorretas (informações equivocadas) e Divergente Justificada (mais restritivo com justificativa plausível, mas divergente da legislação). A coleta de dados foi realizada entre junho e julho de 2025.
ResultadosNo Pilar 1, todas as respostas sobre peso, jejum, pressão arterial, tempo entre doações, número de doações ao ano e anemia foram consideradas corretas.Dados sobre a idade mínima foram incompletos em 60%. Informações sobre pressão arterial estavam incompletas em 40% dos casos e divergentes em 60%. No Pilar 2, todas as respostas sobre vacina, amamentação, gravidez, uso de antibióticos e procedimentos dentários foram corretas. Orientações sobre dengue e viagens estavam incompletas em até 80% dos casos. Respostas sobre quadro febril apresentaram 80% de divergência justificada e sobre piercing foram 60% incorretas. No Pilar 3, orientações sobre HIV, hepatite, doença de Chagas e uso de drogas injetáveis estavam corretas. Orientações sobre sífilis e histórico de câncer apresentaram até 40% de incompatibilidade com a legislação.
DiscussãoNo Pilar 1, as IAGs foram precisas ao orientar critérios básicos, mas falharam ao omitir detalhes sobre a idade mínima e apresentar divergências nas faixas de pressão arterial, o que pode reduzir o engajamento de jovens ou hipertensos controlados na doação de sangue. No Pilar 2, embora a maioria das respostas estivesse correta, houve lacunas importantes nas informações sobre dengue, viagens, febre e piercing. A omissão de dados pode postergar a doação de candidatos aptos, deslocamento desnecessário de candidatos temporariamente inaptos, ou reforçar tabus. No Pilar 3, as IAGs acertaram em temas cruciais como HIV e hepatite. Porém, respostas sobre sífilis e câncer, indicaram que a doação é permitida após a resolução do quadro, o que pode levar ao deslocamento de candidatos sabidamente inaptos e frustração. Em termos gerais, 71% das respostas estavam corretas, 15% foram incompletas, 5% tiveram divergências justificáveis, e 6% estavam incompatíveis com a legislação e 2% estavam incorretas.
ConclusãoEmbora as IAGs ofereçam dados úteis sobre doação de sangue como fonte inicial de informação, ainda carecem de precisão e conformidade com a legislação. Portanto, seu uso deve ser criterioso e sempre complementado por fontes oficiais.




