HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA doação de sangue é essencial para a saúde pública, garantindo o suporte a pacientes que dependem de transfusões sanguíneas. Apesar de sua importância, cerca de 1,78% da população brasileira é doadora, índice abaixo do recomendado pela OMS. Esse cenário reforça a necessidade de campanhas e captações externas para ampliar o acesso, adesão e continuação dessa prática.
ObjetivosRealizar uma análise demográfica e operacional das coletas externas do grupo “Pulsa Rio” a fim de auxiliar o planejamento de campanhas futuras, aumentando o número de candidatos e bolsas a serem aproveitadas.
Material e métodosEstudo observacional, descritivo e retrospectivo realizado em julho de 2025, com base nos registros dos doadores que participaram das coletas externas promovidas pelo grupo “Pulsa Rio” em parceria com a ONG Hemocione, de janeiro a dezembro de 2024. As variáveis analisadas foram: número de comparecimentos, faixa etária, doador de primeira vez (DPV), número de coletas e instituições, categorizadas em: acadêmicas (universidades, escolas públicas e privadas e cursos técnicos), religiosas (igrejas e templos), empresariais, residenciais, policlínicas, sociais (centro de convivência de idosos). Não foi necessária a submissão ao comitê de ética em pesquisa por utilizar apenas informações agregadas e anonimizadas. As limitações do estudo correspondem ao viés de dados ausentes.
ResultadosForam analisadas 60 campanhas externas, com 5.646 comparecimentos e 4.734 bolsas coletadas, resultando em aproveitamento de 83,84%, 3.728 foram de DPV, correspondendo a 65,68%. Por categoria, os dados serão apresentados como percentual das bolsas coletadas, aproveitamento, média de bolsas por campanha e percentual de DPV, respectivamente: Acadêmicas: 39,00%, 81,21%, 80,26, 72,15%; Empresariais: 21,46%, 73,84%, 63,50, 63,45%; Religiosas: 20,47%, 74,71%, 88,09, 63,80%; Sociais: 6,29%, 89,76%, 99,33, 25,17%; Policlínicas: 5,79%, 91,64%, 137,00, 70,44%. Quanto à faixa etária, 46,31% dos doadores tinham entre 16 e 30 anos, 22,19% de 31 a 40, 18,44% de 41 a 50, 9,78% de 51 a 60 e 3,27% com 61 anos ou mais. Por categoria: acadêmicas — 69,37% entre 16 e 30; religiosas — 26,61% de 16 a 30, 24,13% de 31 a 40, 24,51% de 41 a 50; empresariais — 36,70% de 16 a 30, 31,36% de 31 a 40; residenciais — 35,82% de 31 a 40; policlínicas — 32,44% de 16 a 30, 29,09% de 41 a 50; sociais — 29,52% de 16 a 30, 28,61% de 31 a 40, 26,20% de 41 a 50. A distribuição mensal foi: janeiro — 194 bolsas em 2 campanhas; março — 497 em 6; abril — 325 em 5; maio — 380 em 4; junho — 697 em 7; julho — 488 em 7; agosto — 652 em 9; setembro — 374 em 5; outubro — 374 em 4; novembro — 386 em 5; dezembro — 367 em 5.
Discussão e conclusãoA maior parte das campanhas foi realizada em instituições acadêmicas, que, apesar de possuírem um número menor de aproveitamento comparado a policlínicas e instituições sociais, têm uma população de doadores com a faixa etária mais baixa e o maior número percentual de DPV. Observa-se também como a periodicidade de coletas externas poderia contribuir para a estabilidade do estoque nos meses cuja captação de doadores já é comprometida. Reforçamos a importância das coletas externas, principalmente em espaços acadêmicos, constituindo o hábito de doação de sangue entre aqueles que nunca o praticaram. Ademais, ressaltamos a necessidade de um planejamento que considere o perfil epidemiológico, sazonalidade e estratégias de fidelização, fundamentais para evitar o desabastecimento.




