A hemofilia e a doença de von Willebrand são distúrbios hemorrágicos hereditários que demandam diagnóstico precoce e manejo especializado. No contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), especialmente no Estado do Espírito Santo, observa-se uma significativa lacuna no conhecimento e na formação dos profissionais em relação a essas doenças. Esse déficit de conhecimento compromete a capacidade de identificar sinais e sintomas precocemente, realizar encaminhamentos adequados e garantir a integração eficiente com serviços especializados, como o Hemocentro. Consequentemente, a assistência emergencial fica fragilizada, e perde-se a oportunidade de envolver a APS no acompanhamento contínuo, que é vital para o controle a longo prazo, adesão à profilaxia e educação dos pacientes e suas famílias. (Nomura, 2023) (Van 'T Klooster, 2023).

Este estudo objetiva identificar lacunas no conhecimento da APS sobre hemofilia e doença de von Willebrand e implementar estratégias educativas para aprimorar a integração entre APS e atendimento especializado, contribuindo para o diagnóstico precoce, seguimento e adesão à profilaxia.

Secretarias de Saúde de Municípios do Estado do Espírito Santo foram contatadas por e-mail, telefone ou visita presencial. O público alvo foram Profissionais que atuam em Hospitais de Emergência, Unidades de Pronto Atendimento e em Unidades Básicas de Saúde. Os temas abordados incluíram os aspectos clínicos característicos da hemofilia e da doença de von Willebrand presentes em todos as faixas etárias, diagnóstico laboratorial, o tratamento de demanda e profilático e o papel da APS no manejo dessas doenças. A receptividade dos profissionais foi avaliada por relatos e feedbacks.

Foram realizadas até o momento palestras educativas em hospitais materno-infantis das cidades de Cachoeiro do Itapemirim e Guarapari, além de reuniões com equipes da APS em Domingos Martins. Os participantes demonstraram grande interesse e relataram escassez de informações sobre hemofilia e doença de von Willebrand em sua formação e práticas profissionais anteriores. A integração da temática nas rotinas da APS foi reconhecida como fundamental para melhorar o atendimento emergencial e a adesão dos pacientes à profilaxia.

A baixa capacitação dos profissionais de APS compromete o fluxo adequado de pacientes para a atenção especializada e limita o diagnóstico precoce dessas doenças. A estratégia de palestras mostrou-se eficaz para sensibilizar e informar os profissionais, criando perspectiva de melhora na rede de atenção integrada. A iniciativa educativa revela-se promissora para suprir a lacuna de conhecimento sobre hemofilia e doença de von Willebrand na APS do Espírito Santo, fortalecendo a integração com o Hemocentro e contribuindo para o aprimoramento do atendimento e adesão terapêutica. O projeto continuará ampliando seu alcance a diversas cidades do estado.