HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA neutropenia febril (NF) é uma emergência clínica frequente em pacientes oncohematológicos e um dos principais obstáculos ao manejo do paciente e o atraso na administração da antibioticoterapia.
ObjetivosAvaliar o impacto do momento de início da antibioticoterapia na evolução clínica de pacientes oncohematológicos internados com NF e descrever o perfil de atendimento desses pacientes no HC/ UFTM.
Material e métodosPor meio da análise de prontuários, de janeiro de 2018 a dezembro de 2022, foi traçado o perfil assistencial dos pacientes oncohematológicos com NF do hospital/internados no hospital.
ResultadosNo período, ocorreram 724 internações do setor de oncohematologia, 120 com NF, em um total de 67 pacientes, sendo 62,68 % do sexo masculino, 59,70% branca e 50,75% procedente de Uberaba/MG. Quanto à escolaridade, 40,30% tinham 1° grau e 41,79% o 2° ou 3°. A maioria era portadora de leucemia mieloide aguda não promielocítica (32,83%), seguida de linfomas (25,40%), leucemia linfoide aguda (13,43%), mieloma múltiplo (10,44%), síndrome mieloproliferativa (10,44%) e leucemia promielocítica (7,46%). Destas 120 intercorrências, 53 foram registradas em pacientes de Uberaba (1,36/paciente) e 57 de outras cidades (2,39/paciente). Quanto à estabilidade clínica avaliada na admissão, por meio da aferição dos sinais vitais, em 37,50% dos atendimentos foi detectado hipotensão, em 55,80% taquicardia e 5% com dessaturação periférica. O número de internações por paciente variou de 1 a 5, sendo que 53,7% deles apresentaram uma internação e 46,3% duas ou mais. O tempo entre o início da febre e internação, variou de uma a 360 horas, média 23,4 (±44,2) horas, dos quais 63,10% nas primeiras 12 horas, 22,30% entre 13 e 24 horas e 14,60% após um dia. No HC/UFTM 86% foram atendidos em até 30 minutos, 76% foram internados em leitos de isolamento e 86% receberam antibióticos na primeira hora de internação. O período de internação variou de um a 53 dias, com média de 11±7 dias, dos quais 43,33% menos de sete dias e a UTI foi requerida em 10% das internações. Em relação ao perfil hematológico à admissão, 58,93% apresentavam neutropenia intensa, 26,79% grave, 10,71% moderada e 3,57% leve; plaquetopenia grave em 49,60% dos eventos e a média da hemoglobina foi de 7,6g/dL Foi possível obter resultados de 90 hemoculturas periféricas, sendo apenas 25 positivas (1 gram-positivo e 24 gram-negativos). Ao avaliarmos o tratamento realizado, 24,1% usaram somente um antibiótico (20,83% receberam cefepime como primeiro esquema); 49,2% usaram dois ou mais antibióticos, sendo que em 15,8% houve associação à Vancomicina e em 26,6% foram administrados antifúngicos em associação ao esquema antibacteriano. Foram registrados 14 óbitos (11,7%), das quais 35,7% na UTI (p = 0,0006) e foi observado, também, que a taxa de mortalidade naqueles que demoraram mais de 25 horas para procurar assistências foi de 26,67%, 50% dos quais em UTI.
Discussão e conclusãoObservamos que a demora para procurar assistência e/ou o requerimento de UTI esteve associado a pior desfecho, maior número de óbitos naqueles pacientes que requereram múltiplos antibióticos associados a antifúngicos, não brancos, com dessaturação periférica de oxigênio, com necessidade de permanência em leito de UTI e presença de bactérias gram negativas. Assim, buscar melhoria contínua de comunicação entre os profissionais de saúde e o paciente oncohematológico é crucial para maior compreensão destes sobre a mielossupressão e a necessidade de procurar assistência precoce.




