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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 965
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AVALIAÇÃO DO RECEPTOR DE ATIVADOR DE PLASMINOGÊNIO DO TIPO UROQUINASE SOLÚVEL (SUPAR) COMO BIOMARCADOR DE INflAMAÇÃO E HEMOSTASIA NA DOENÇA FALCIFORME
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JAC Campeloa, IT Borba-Juniora, CRP Moraesa, ERM Kalbermattera, AL Silva-Juniorb, FF Costab, STO Saadb, EV de Paulab
a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
b Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O quadro hemolítico na doença falciforme (DF) favorece a hipercoagulabilidade e inflamação crônica. Trabalhos mostraram que o receptor de ativador de plasminogênio do tipo uroquinase solúvel (suPAR), além biomarcador fibrinolítico, atua como um marcador crítico de inflamação, com elevação em quadros de sepse, infecções bacterianas e virais e doenças inflamatórias crônicas. Poucos estudos, entretanto, avaliaram o potencial do suPAR no contexto fibrinolítico e inflamatório de pacientes com a doença falciforme.

Objetivos

Avaliar os níveis de marcadores da fibrinólise e coagulação em uma população de pacientes com DF em estágio estacionário.

Material e métodos

Foi coletado sangue venoso de 50 pacientes com DF e 25 indivíduos saudáveis. Os parâmetros hematológicos e hemostáticos foram avaliados por método automatizado, enquanto suPAR e PAI-1 por Kit Multiplex. Os dados obtidos foram armazenados em planilhas e foram realizadas análises descritivas, utilizando o intervalo interquartil [IQR], e estatísticas pelo teste de Mann-Whitney e correlação de Spearman com intervalo de confiança de 95%.

Resultados

Conforme já descrito, pacientes com DF apresentaram concentrações mais elevadas de plaquetas, dímero-D e Fator de Von Willebrand (FVW) em comparação a voluntários saudáveis, mas em nossa população não observamos diferenças na contagem de leucócitos. Os níveis de PAI-1 foram semelhantes entre os grupos, mas observamos níveis significativamente reduzidos de suPAR nos pacientes (0,68 [0,40 – 1,04]) em relação aos controles saudáveis (1,34 [1,17 – 1,48]; P < 0,0001). Além disso correlações estatisticamente significativas foram observadas entre suPAR e contagem de plaquetas (r = -0,43: P < 0,002), e de PAI-1 com hemoglobina (r = -0,35; P = 0,014) e linfócitos (r = 0,34; P = 0,018).

Discussão e conclusão

Em nossa população confirmamos que pacientes com DF apresentam níveis elevados de D-Dímero e FVW. A redução dos níveis de suPAR representa um achado ainda não descrito neste contexto, e contrasta com descrição de aumento dos níveis em quadros inflamatórios e de outras naturezas como doenças renais, cardiovasculares e infecciosas. Marcadores da fibrinólise possuem funções biológicas complexas, atuando em outros sistemas além da fibrinólise, tais como migração celular, remodelamento tecidual e sistema imune. Em estados protrombóticos, um aumento dos níveis de suPAR poderia refletir a maior ativação desta via, como descrito em quadros de acidente vascular cerebral, tromboembolismo venoso, sepse e doenças reumáticas. No entanto, como a liberação extracelular deste marcador depende tanto de sua expressão, quanto de mecanismos de liberação mediada por proteases, de modo que nossos achados podem refletir uma redução destes mecanismos. Outra hipótese é que a redução reflita o predomínio do efeito da participação do suPAR em outros processos biológicos não relacionados exclusivamente à hemostasia no âmbito da DF. Pacientes com DF em estado estacionário apresentam redução significativa dos níveis circulantes de suPAR, sem alteração nos níveis de PAI-1. A avaliação de outros parâmetros da fibrinólise e inflamação estão em andamento para uma melhor compreensão destes achados, que reforçam a complexa interação entre inflamação, coagulação e fibrinólise na DF.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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