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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1645
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ASSOCIAÇÃO DE HAPLÓTIPOS E O USO DE HIDROXICARBAMIDA EM CRIANÇAS COM ANEMIA FALCIFORME
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LV Friedricha, DP Malerbaa, LR Pereiraa, JV Okumurab, CR Bonini-Domingosa
a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), São José do Rio Preto, SP, Brasil
b Centro Universitário de Jales (UNIJALES), Jales, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O uso da hidroxicarbamida (HU) na anemia falciforme (AF) é a principal alternativa terapêutica desde a primeira infância, devido à sua eficácia em reduzir complicações clínicas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Em indivíduos homozigotos para hemoglobina S (Hb SS), a droga promove o aumento da hemoglobina fetal (Hb F), diminuindo a polimerização da hemoglobina S. Fatores genéticos, como os haplótipos do gene da beta-globina, podem influenciar a resposta individual à terapia, impactando diretamente nos níveis de Hb F e nos parâmetros hematológicos.

Objetivos

Este estudo teve como objetivo investigar a relação entre haplótipos, início do uso de HU e o perfil laboratorial em crianças com genótipo Hb SS.

Material e métodos

O estudo foi conduzido por meio de análise de dados retrospectivos contendo informações clínicas, laboratoriais e genéticas de pacientes de um serviço especializado em hemoglobinopatias. Foram avaliadas 68 crianças com doença falciforme, das quais 58 apresentavam o genótipo Hb SS. Dentre estas, 40 iniciaram o uso de HU, com o tratamento começando entre 3 e 9 anos de idade. A genotipagem dos haplótipos do gene da beta-globina foi possível em 52 crianças, por PCR-RFLP, com Bantu/Bantu e Bantu/Benin sendo os mais frequentes entre os usuários de HU. Com base nos dados, o quadro clínico das crianças foi categorizado em três níveis de gravidade — leve, intermediário e grave — a partir da frequência de crises de dor, infecções e internações por ano.

Resultados

No grupo que recebeu HU, a maioria apresentou um quadro clínico leve. Observou-se que as 6 crianças que permaneceram com um quadro intermediário possuíam o haplótipo Bantu/Bantu. No entanto, é importante notar que o mesmo haplótipo também foi encontrado em diversas crianças com quadro leve, indicando a heterogeneidade da resposta clínica dentro do mesmo perfil genético. No grupo que não utilizou HU, quatro crianças apresentaram um estado clínico intermediário com haplótipos Bantu/Bantu e Bantu/Benim. Foi observado que muitas crianças com o haplótipo Bantu/Bantu tiveram poucas ou nenhuma intercorrência clínica significativa, enquanto crianças com os haplótipos Benin/Benin ou Bantu/Benin exibiram ao menos um marcador clínico em nível intermediário. Adicionalmente, apesar de crianças do sexo feminino serem maioria no grupo amostral, o quadro clínico intermediário foi mais prevalente no sexo masculino, sugerindo uma potencial influência do sexo biológico na gravidade da doença ou na resposta à terapia.

Discussão e conclusão

Em conclusão, os dados indicam que a maioria das crianças com anemia falciforme em uso de HU apresentaram um quadro clínico leve. Embora o haplótipo Bantu/Bantu tenha sido observado tanto em quadros leves quanto intermediários, a sua presença exclusiva entre os pacientes que mantiveram um quadro clínico intermediário, majoritariamente masculino, sugere a necessidade de aprofundar a investigação sobre a possível influência do sexo biológico e do perfil genético na resposta à terapia. É fundamental destacar que esta análise se baseou em dados retrospectivos, sem controle para fatores externos, como sociais, ambientais ou de adesão ao tratamento, o que limita a interpretação. Portanto, estes achados devem ser vistos como observações preliminares, e estudos futuros são necessários para confirmar e validar essas possíveis associações.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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