HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA adoção das diretrizes de Patient Blood Management (PBM) tem incentivado instituições a revisarem suas práticas transfusionais com foco na segurança, eficácia e individualização do cuidado. A atualização de protocolos cirúrgicos transfusionais, alinhada aos princípios do PBM, permite maior previsibilidade do risco transfusional e favorece condutas mais adequadas à realidade institucional. Nesse contexto, o uso de ferramentas como a Inteligência Artificial (IA) contribui para sistematizar dados e apoiar decisões baseadas em evidências.
ObjetivosAtualizar o protocolo transfusional cirúrgico com base em dados institucionais e com o apoio de inteligência artificial, visando racionalizar o preparo de hemocomponentes em cirurgias eletivas e promover práticas alinhadas ao PBM.
Material e métodosEstudo observacional retrospectivo realizado em hospital privado de alta complexidade no Rio de Janeiro. Foram analisados 750 procedimentos cirúrgicos eletivos entre junho/2024 e junho/2025, totalizando cerca de 1.700 Concentrados de Hemácias (CH) reservados. Os dados foram extraídos dos sistemas institucionais, considerando tipo de cirurgia, quantidade de CH reservados e efetivamente utilizados. As informações foram organizadas e analisadas com suporte de ferramenta de IA generativa, utilizada para interpretar padrões transfusionais, classificar procedimentos conforme risco transfusional e auxiliar na elaboração do novo protocolo. A IA atuou como apoio à equipe técnica, sem substituir a avaliação especializada.
ResultadosDos 750 procedimentos avaliados, aproximadamente 1.700 CH foram reservados, sendo apenas 88 utilizados, cerca de 5% do total. A análise identificou maior risco transfusional em cirurgias cardíacas adultas e ortopédicas, com taxa de transfusão em torno de 45%, recomendando-se reserva antecipada de CH compatibilizados. Em contrapartida, procedimentos como colecistectomia, histerectomia, mamoplastias, entre outras, apresentaram baixíssimas taxas de transfusão, justificando condutas sem preparo prévio ou com disponibilidade sob demanda. Com base nesses dados, foi elaborado novo protocolo transfusional cirúrgico, classificando os procedimentos conforme o risco transfusional. Cirurgias sem registro de transfusão no período analisado foram excluídas, resultando em um protocolo mais objetivo, prático e alinhado às diretrizes do PBM.
DiscussãoA incorporação da IA ao processo de revisão do protocolo permitiu agilidade na análise de dados e clareza na definição de critérios por risco. A ferramenta funcionou como apoio à equipe multidisciplinar, aumentando a capacidade analítica e garantindo embasamento técnico sem substituir o julgamento clínico. O protocolo final foi validado por profissionais, considerando tanto literatura científica quanto experiência prática e contexto institucional. O modelo permite revisões periódicas com base em novos dados, mantendo sua aderência à realidade assistencial.
ConclusãoA utilização de IA na atualização do protocolo transfusional, com base em dados institucionais, mostrou-se uma estratégia eficaz e segura. A iniciativa resultou em um protocolo realista, com potencial para otimizar o uso de hemocomponentes, fortalecer práticas transfusionais seguras e consolidar a cultura do uso racional do sangue.




