HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Linfoma de Burkit é uma neoplasia de células B, do grupo dos linfomas não-hodgkin agressivos, marcada pela presença de translocações cromossômicas envolvendo o gene MYC e uma associação com vírus Epstein Barr (EBV) e com o HIV. Trata-se de uma doença rara e corresponde a 1 a 5% de todos os linfomas não-hodgkin. Apresenta perfil epidemiológico e formas clínicas variáveis, a depender do local de origem. A imunoquimioterapia se mostrou eficaz nas últimas décadas, mas devido a raridade da doença, ainda existem poucos estudos comparando os diferentes protocolos disponíveis. Dessa forma, o presente estudo visa fazer uma análise retrospectiva dos pacientes diagnosticados e tratados em nossa instituição, comparando os desfechos de acordo com os diferentes tipos de protocolos utlizados.
ObjetivosApresentar os dados retrospectivos dos pacientes tratados no Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (HEMORIO) nos últimos 5 anos, com o diagnóstico de linfoma de Burkitt.
Material e métodosForam coletados dados a partir dos prontuários físicos e eletrônicos da instituição. Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos com diagnóstico confirmado de linfoma de Burkit por análise histopatológica e imunohistoquímica, bem como citogenética e por citometria de fluxo, sendo excluídos os pacientes de população pediátrica, e aqueles que tiveram o diagnóstico de leucemia linfoblástica aguda tipo Burkitt (antiga classificação FAB L3). O desfecho primário a ser analisado foi o de sobrevida global, com os seguintes desfechos secundários: taxa de resposta, incidência de recaída e refratariedade de acordo com protocolo utlizado. As variáveis categóricas foram expressas por meio de frequência, médias e medianas. As análises comparativas foram realizadas pelo método log-rank. A análise de sobrevida global foi realizada pelo Kaplan-Meier. Os dados foram analisados pelo SPSS 22.0.
ResultadosFoi encontrado um total de 295 pacientes diagnosticados com linfoma não-hodgkin nos últimos 5 anos, dos quais 8 pacientes foram classificados com linfoma de Burkitt (2,71%). A sobrevida global encontrada foi de 66.7% em 2 anos. 50% eram casos associados ao HIV. Dentre as escolhas terapêuticas 37,5% foram tratados com protocolo R-CODOX / M-IVAC e 25% com protocolo R-DAEPOCH. Dos demais 37,5%, um paciente (11,2%) foi tratado com Hyper-CVAD e um paciente com R-CHOP (11,2%). Foi observada uma recaída em 50% dos pacientes tratados com R-DAEPOCH e em 33% dos pacientes tratados com R- CODOX/M-IVAC.
Discussão e conclusãoOs dados apresentados estão em concordância com os dados observados na literatura, porém, trata - se de um estudo retrospectivo de tamanho amostral pequeno, com poucas conclusões que podem ser tomadas a partir do apresentado. Diversos aspectos relacionados ao cuidado médico geral podem ter contribuído para os resultados distintos. O presente trabalho reforça a necessidade de realização de estudos multicêntricos e prospectivos para configurar um tratamento mais padronizado dentro dessa doença tão rara.




