HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA terapia transfusional é um procedimento fundamental na assistência hospitalar, fornecendo suporte essencial a pacientes com anemia grave, hemorragias e distúrbios hematológicos. No entanto, sua eficácia depende da agilidade e eficiência em todas as etapas, desde a solicitação médica até a infusão do hemocomponente. Em hospitais públicos, diversos fatores influenciam o tempo de atendimento transfusional, incluindo a logística de transporte, disponibilidade de hemocomponentes e processos internos de solicitação, preparo e liberação.
ObjetivosEste estudo busca analisar os fatores que influenciam o tempo transfusional em um hospital público, desde a solicitação média até a infusão do hemocomponente. O objetivo é identificar os principais motivos de atraso e comparar os índices de atendimento adequado nos anos de 2023 e 2024. Além disso, pretende-se avaliar o impacto multiprofissional na otimização do processo transfusional e propor estratégias para reduzir atrasos, melhorar a segurança e aumentar a eficiência no atendimento.
Material e métodosA metodologia adotada baseia-se na coleta de dados quantitativos, utilizando o indicador de tempo de atendimento transfusional. Esse indicador avalia o percentual de requisições atendidas dentro do prazo adequado, identificando os principais motivos para eventuais atrasos nos anos de 2023 e 2024 (janeiro - dezembro).
Discussão e conclusãoA análise dos dados coletados em um hospital público da cidade de São Paulo, atendido pela Colsan, revelou desafios na redução do tempo transfusional. Em 2023, foram registradas 1.778 solicitações de transfusão, das quais 591 (33,24%) não foram atendidas dentro do tempo adequado. Já em 2024, houve um aumento no número total de solicitações, com 1.958 registros, porém, o índice de atendimento inadequado caiu para 24,62% (482), indicando uma melhora significativa no fluxo transfusional. O índice de atendimentos dentro do prazo passou de 66,76% em 2023 para 75,38% em 2024, refletindo avanços nos processos internos. Os principais motivos para atrasos na transfusão foram a retirada tardia do hemocomponente pelo hospital, responsável por 30,1% dos casos; a demora na coleta e entrega de amostras para testes pré-transfusionais, que representou 17,5% dos atrasos; e as dificuldades no preparo e liberação do sangue, correspondendo a 9,3%, devido à alta demanda por solicitações de urgência. Um fator relevante identificado foi a “urgencialização” das requisições transfusionais, em que muitas requisições foram classificadas como urgentes sem uma real necessidade clínica, sobrecarregando o serviço e comprometendo a priorização dos casos mais graves. Comparando os anos analisados, em 2023, o atraso na retirada do hemocomponente foi o fator mais recorrente, com 168 registros (28,43%), seguido pela demora na coleta de amostras, com 146 casos (24,74%). Já em 2024, apesar da redução geral dos atrasos, a retirada do hemocomponente ainda foi o principal problema, com 177 registros (36,72%), enquanto a demora na coleta de amostras caiu para 85 registros (17,63%). Diante desse cenário, torna-se fundamental a identificação dos entraves principais que afetam o tempo transfusional e a implementação de estratégias para aperfeiçoar cada etapa do processo. Medidas como aprimoramento dos protocolos internos, investimentos na capacitação das equipes e adoção de tecnologias que agilizem a liberação dos hemocomponentes podem contribuir para a melhoria contínua da assistência transfusional, principalmente em hospitais públicos.




