HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO suporte transfusional é fundamental durante procedimentos cirúrgicos, com o concentrado de hemácias sendo o hemocomponente mais frequentemente utilizado. A indicação adequada para a sua administração é importante para assegurar a segurança do paciente, otimizar o uso de recursos e minimizar riscos associados à transfusão. A utilização de hemocomponentes em procedimentos cirúrgicos esta diretamente ligada a complexidade do procedimento, as condições clínicas dos pacientes, a técnicas cirúrgicas empregadas e a previsão de perda sanguínea. Neste estudo retrospectivo, foram analisados dados de seis hospitais particulares em São Paulo, com foco na reserva de concentrados de hemácias para procedimentos cirúrgicos.
ObjetivosO objetivo foi identificar quais tipos de procedimentos demandam maior consumo dessas bolsas reservadas, contribuindo para otimizar o gerenciamento de estoque de hemocomponentes e possibilitando melhorias nos protocolos de cirurgia segura já existentes.
Material e métodosFoi realizada análise retrospectiva da quantidade de concentrado de hemácias reservados comparados a quantidade destas bolsas que foram efetivamente transfundidas, no período de janeiro/2024 a dezembro/2024.
Discussão e conclusãoForam identificados 115 tipos de procedimentos cirúrgicos com necessidade de utilização da reserva de hemocomponentes, preparada previamente. No total, foram reservadas 10.962 unidades de concentrado de hemácias, das quais 993 foram efetivamente transfundidas, resultando em uma taxa de utilização de aproximadamente 9%. Dentre os procedimentos que mais utilizam sangue podemos destacar os dez que mais utilizam sendo cardiopatia congênita (15,71%), laparotomia exploradora (9,16%), artrodese coluna (6,24%), fratura de fêmur (5,84%), retossigmoidectomia abdominal (5,84%), troca valvar (5,64%), protocolo de hemorragia pós parto (5,14%), artroplastia de quadril (2,32%), curetagem (2,22%) e transplante hepático (1,81%). Os dados demonstram que, embora exista um protocolo de reserva bem estabelecido essencial para garantir a segurança transfusional, a taxa de utilização de hemocomponentes em procedimentos cirúrgicos permanece baixa. Esse achado sugere que as práticas cirúrgicas adotadas têm sido eficazes na redução de perdas sanguíneas, refletindo diretamente na segurança e na qualidade da assistência prestada. Observa-se que os procedimentos que mais consomem sangue atingiram um consumo superior a 50 unidades cada um deles sendo eles cirurgias cardíacas complexas ou de grande porte, intervenções abdominais e ortopédicas invasivas. Todos procedimentos com uma esperada perda sanguínea elevada, consequentemente com maior uso de bolsas de sangue. A análise demonstrou que a área cirúrgica com maior consumo de concentrado de hemácias foi a cardiovascular, especialmente os procedimentos relacionados à correção de cardiopatias congênitas e troca valvar, seguidos pelas cirurgias abdominais de grande porte e ortopédicas invasivas. Esses achados confirmam que o uso de hemocomponentes está fortemente associado à complexidade e ao risco hemorrágico dos procedimentos. Apesar da baixa taxa de transfusão em relação às reservas, os dados também reforçam que não é possível eliminar a necessidade de reserva de sangue em cirurgias com potencial risco de sangramento. A manutenção de protocolos de reserva criteriosos continua sendo fundamental para garantir a segurança transfusional, evitar atrasos em situações críticas e preservar a qualidade da assistência ao paciente cirúrgico.




