HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA sobrecarga sistêmica de ferro apresenta-se como uma consequência desafiadora em pacientes portadores de doenças hematológicas, sendo resultado da resposta do próprio organismo frente à condição clínica - traduzida pela eritropoiese ineficaz - ou em resposta às terapias implementadas, com destaque para múltiplas transfusões. Em contrapartida, na anemia sideroblástica adquirida, a incapacidade do organismo em utilizar adequadamente o ferro para a produção de heme durante a eritropoiese induz o seu acúmulo nos tecidos. De todo modo, considerando a inexistência fisiológica de vias excretoras de ferro, o desdobramento comum nas duas doenças consiste em danos progressivos nos tecidos, principalmente fígado, coração e medula óssea.
ObjetivosO presente estudo visa discorrer a respeito da abordagem terapêutica para evitar ou reduzir a sobrecarga de ferro no organismo.
Material e métodosFoi feita busca sobre o tema em base de dados do PUBMED considerando o período de 2015 a 2025, resultando em 307 artigos. Destes, 6 artigos foram selecionados com foco na fisiopatologia da sobrecarga de ferro e intervenções clínicas associadas à síndrome mielodisplásica (SMD) e anemia sideroblástica adquirida. Os descritores utilizados para a busca foram; “Iron overload in acquired sideroblastic anemias” AND “MDS” AND “Myelodisplasic syndromes”.
Discussão e conclusãoDentre as abordagens disponíveis para o manejo da condição, além de quelantes de ferro, o luspatercepte tem se apresentado como intervenção promissora. Enquanto os quelantes, como o deferasirox, atuam diretamente na excreção do ferro livre do organismo, o luspatercepte reduz as vias de sinalização responsáveis pela supressão da eritropoiese por meio da modulação de TGF-β, favorecendo a produção adequada de glóbulos vermelhos maduros e, consequentemente, evitando a necessidade de transfusões. Além disso, é possível que em alguns casos a ação do luspatercepte permita o tratamento da sobrecarga de ferro por meio da técnica de flebotomia, quando a hemoglobina é aumentada em níveis suficientes para viabilizar o procedimento. A sobrecarga de ferro em pacientes portadores de SMD e anemia sideroblástica adquirida tem grande impacto no prognóstico e na sobrevida, reforçando a necessidade em considerar, precocemente no plano terapêutico, estratégias para reduzir seus efeitos deletérios. Em vista disso, a quelagem de ferro e o uso de agentes como luspatercepte se apresentam como as opções de tratamento mais adequadas. Portanto, a escolha e o manejo devem ser personalizados, ao considerar o perfil do paciente e a resposta clínica.




