A hemoterapia é um campo que exige elevado rigor técnico e controle de qualidade para garantir a segurança do receptor e a eficácia dos procedimentos. O ensaio de Proficiência (EP) é uma ferramenta fundamental para a avaliação externa da qualidade dos laboratórios e serviços hemoterápicos, contribuindo para a padronização, validação de metodologias e redução de erros analíticos. A implementação adequada do EP impacta diretamente na confiabilidade dos testes laboratoriais e na qualidade dos hemocomponentes transfundidos.

Analisar o papel do ensaio de proficiência como mecanismo de controle de qualidade em hemoterapia e sua relevância para a segurança transfusional.

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura entre 2014 e 2024 nas bases PubMed, Scielo e BVS, utilizando os descritores “proficiency testing”, “hemotherapy quality”, “laboratory quality control” e “blood transfusion safety”. Foram selecionados artigos que abordam a aplicação e os benefícios do EP em serviços de hemoterapia. O ensaio de proficiência é recomendado pelas principais normativas nacionais, como a RDC n° 34/2014 da ANVISA, que exige a participação periódica dos laboratórios em programas externos para garantir a acurácia dos resultados (MS, 2023). Estudos indicam que a adesão ao EP reduz em até 50% as divergências analíticas, principalmente em exames imuno-hematológicos essenciais para a tipagem sanguínea, testes cruzados e triagem de anticorpos (Ferreira et al., 2020). A detecção precoce de falhas permite ações corretivas que previnem erros transfusionais, que representam até 10% dos eventos adversos relatados em hemoterapia (WHO, 2022). Além disso, o EP fortalece a capacitação técnica da equipe laboratorial, estimula a padronização dos procedimentos operacionais e promove a cultura da qualidade. Pesquisas também mostram que serviços que participam regularmente de EP apresentam maior conformidade com os padrões internacionais de hemovigilância (Souza et al., 2021).

A integração do ensaio de proficiência no controle de qualidade dos serviços hemoterápicos é uma prática indispensável para a segurança transfusional. Apesar dos benefícios comprovados, desafios como custos, logística e resistência à implementação ainda limitam sua adoção plena, especialmente em serviços menores ou com recursos restritos. Investimentos em programas de educação continuada e apoio governamental são essenciais para ampliar a cobertura e eficácia do EP no país. O uso de tecnologias digitais para monitoramento e análise dos resultados do EP também desponta como tendência para otimizar o processo e reduzir o tempo de resposta. O ensaio de proficiência é uma ferramenta estratégica para garantir a qualidade e segurança nos serviços de hemoterapia, minimizando riscos e contribuindo para a excelência do cuidado transfusional. Sua implementação regular e associada a políticas de capacitação fortalece a hemovigilância e assegura a proteção do paciente.