Introdução: Leucemia Eritróide Pura (LEP) é uma forma rara de leucemia mieloide aguda (LMA) reconhecida por seu atributo fenotípico distinto de proliferação eritroblástica. Representa 1% das LMAs e ocorre tipicamente em idosos, predominantemente em homens (2:1). Por outro lado, cerca de 70% das transformações blásticas da Leucemias Mielóides Crônicas (LMC) são mielóides, podendo ocorrer em múltiplas linhagens ou predominar em uma: mieloblástica, basofílica, eosinofílica, megacarioblástica, monocítica ou eritroblástica. LEP pode apresentar displasia mielóide e eritroblastos com assincronismo N/C, multinuclearidade, lobulações nucleares, cariorrexe, aspectos megaloblastóides e, mais raramente, vacuolização citoplasmática. Objetivo: Descrever desafios dos aspectos morfológicos na crise eritroblástica da LMC. Relato de caso: Mulher de 37 anos com LMC (BCR ABL1 p210) em outro serviço, tratada com Nilotinibe. Após 12 meses do diagnóstico evolui com Hemoglobina 9,4 g/dL; Ht 37%; leucócitos 48.000 mm3; Blastos 13.920 mm3; Plaquetas 64.000 mm3; Medula óssea com 63,5% de blastos grandes, núcleos arredondados a irregulares, cromatina frouxa, nucléolos evidentes, basofilia citoplasmática e vacuolização citoplasmática intensa; Imunofenotipagem CD45 fraco, CD36, CD117, CD71, CD33, CD38 e CD105 positivos; CD34, CD13, MPO, 11b e HLA-DR negativos. Discussão: A maturação eritróide (eritropoiese terminal) ocorre nas ilhas eritroblásticas, que consistem em um macrófago central rodeado por eritroblastos que facilita a eritropoese e fornece ferro a estes. Durante essa fase, proeritroblastos sofrem alterações, como redução do tamanho celular, condensação cromatínica, produzem hemoglobina e reduzem a capacidade proliferativa originando eritroblastos basofílicos, policromáticos e ortocromáticos, sucessivamente. Ao final da maturação terminal, expelem seus núcleos e perdem organelas, como aparelho Golgi, retículo endoplasmático, mitocôndrias e ribossomos. Posteriormente, a maturação reticulocitária continua, perdendo 20%–30% da superfície celular e eliminando organelas citosólicas ligadas à membrana por meio de uma via combinada de autofagia-exossomo. Mesmo que vários fatores sejam conhecidos por regular a eritropoiese, a Eritropoetina é o principal, impulsionando proliferação, diferenciação e prevenindo apoptose. Apesar de vacúolos serem visualizados em precursores eritróides, o aumento desta vacuolIzação não é frequente e podem ser vistos na deficiência de cobre, síndrome de Pearson e síndromes mielodisplásicas. Neste caso, a paciente era jovem diagnósticada com LMC em crise eritroblástica com intensa vacuolização citoplasmática, sendo um confundidor importante na caracterização morfológica celular. A presença de vacúolos citoplasmáticos também pode ser vista em outras neoplasias, tais como linfomas B de alto grau, mieloma plasmablástico, leucemia megacariocítica e doenças metastáticas. Assim, exames complementares como imunofenotipagem e citogenética são mandatórios para guiar o correto diagnóstico. Conclusão: Este caso destaca as complexidades que podem ser vivenciadas na subclassificação das leucemias agudas apenas pela morfologia e reforça a importância da citometria de fluxo como pilar diagnóstico.
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