
Elucidar o impacto da urgencialização em excesso de solicitações de hemocomponentes na gestão de estoque e na eficiência dos serviços transfusionais.
IntroduçãoO uso racional de componentes sanguíneos durante a assistência em saúde estará atrelado a avaliação médica das condições clínicas do paciente, sendo este profissional devidamente habilitado à prescrição de hemocomponentes, que por meio de analise de necessidade do receptor e riscos associados ao procedimento propiciará indicação precisa de transfusão sanguínea de acordo com modalidade coerente ao quadro clínico apresentado.
MétodoRevisão integrativa, de abordagem quantitativa, avaliando a frequência de solicitações de hemocomponentes por grau de urgência recebidas por uma agência transfusional, em comparação a real necessidade clínica apresentada pelo hospital em 2023.
Resultados: A correta classificação da modalidade transfusional na requisição médica é fundamental para a alocação eficiente de recursos. Entre as 713 solicitações de urgência com um tempo de resposta esperado de até 3 horas, 27,2% apresentaram hemoglobina (Hb) igual ou superior a 8 g/dL. Foram identificadas 12,8% de requisições não conformes com as diretrizes estabelecidas. Além disso, 14,5% dos pacientes foram submetidos à transfusão após o prazo de 3 horas, dos quais 52,4% dos atrasos foram relacionados ao atendimento médico-hospitalar. Quanto a modalidade requerida, “Emergência” foi responsável por 1,49% do total de requisições, “Urgência”, caracterizada pela necessidade de intervenção rápida, representou 55,8% das solicitações, “Rotina”, que prevê a realização de transfusões dentro das próximas 24 horas, constituiu 32,9% dos casos, “Programada”, que abrange atendimentos planejados quanto dia e hora, correspondeu a 39,42% das transfusões realizadas.
DiscussãoO fenômeno de excesso de urgencializações em discrepância ao perfil clínico dos pacientes assistidos, frequentemente motivado por uma percepção equivocada de que a indicação de uso de componente sanguíneo por si só já consiste em urgência, desconsiderando a classificação de acordo com as condições apresentadas pelo paciente por meio da análise clínica e laboratorial. De semelhante modo, a tentativa de acelerar o atendimento em condições onde a antecipação da infusão não geram benefícios significativos ao receptor, porém acarretam consequências significativas tanto para a gestão hemoterápica quanto para a segurança dos pacientes, pois compromete a eficiência do atendimento, uma vez que geram uma alocação ineficiente dos recursos, podendo gerar atrasos aos pacientes com real necessidade de atendimento imediato, acrescido de maior propensão de sobrecarga da agência transfusional com demandas concomitantes oriundas de acionamentos incoerentes ao grau de urgência, fragilizando a segurança transfusional do serviço.
ConclusãoO entendimento acerca da classificação compatível com o grau de necessidade hemoterápica é indispensável para a manutenção da qualidade, contribuindo para o uso coeso de recursos propiciando disponibilidade destes para garantia de cobertura plena conforme demanda, minoração de risco de incidentes, otimização da eficiência operacional e segurança transfusional.