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Vol. 44. Núm. S2.
Páginas S220 (Outubro 2022)
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TRIAGEM PARA A SÍNDROME DE VON WILLEBRAND ADQUIRIDO EM MIELOFIBROSE – POUCA CORRELAÇÃO COM RISCO DE SANGRAMENTO
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498
RCB Meloa, TRF Rochab, GSVC Fonsecab, AE Kayanoa, V Rochaa,b, WF Silvaa, FS Seguroa,b
a Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), São Paulo, SP, Brasil
b Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
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Introdução

Trombose e sangramento são subestimados na mielofibrose (MF), mas estão associados ao aumento da morbidade e mortalidade. A síndrome de von Willebrand adquirida (AvWS) é uma preocupação no diagnóstico de doenças mieloproliferativas e pode estar associada a eventos hemorrágicos significativos. Embora assocada com trombocitose extrema, também ocorreem pacientes com contagem plaquetária mais baixa. Os mecanismos que levam ao AvWS ainda não são totalmente compreendidos e sua prevalência na MF é desconhecida.

Objetivos

Avaliamos uma coorte de pacientes com MF para avaliar a prevalência de AVWS e sua correlação com eventos hemorrágicos.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal envolvendo pacientes adultos com MF acompanhados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A triagem para AvWS foi realizada com antígeno de fator de von Willebrand (vWF:Ag) e os níveis de atividade usando o ensaio de cofator de ristocetina (vWF:RCO). AvWS foi definido como relação vWF:RCO/vWF:Ag < 0,7. Além disso, o ligante CD40 solúvel (CD40Ls) foi medido para estudar a ativação plaquetária. Todos os pacientes assinaram formulários de consentimento informado.

Resultados

Amostras de quarenta e seis pacientes (52% do sexo masculino) foram coletadas. A MF foi primária em 33 casos (72%) e pós-trombocitemia essencial ou policitemia vera em 13 casos (28%). A idade mediana foi de 70 anos (IQR 63-80), e o tempo mediano desde o diagnóstico até a coleta da amostra foi de 5,3 anos (2,8-9,2). JAK2 V617F foi a mutação driver mais frequente (46%), seguida por calreticulina e MPL W515K (33% e 7%, respectivamente). Dezesseis pacientes (35%) tiveram um escore DIPSS intermediário-2 ou alto. Nenhum dos pacientes relatou sinais ou sintomas de sangramento. O nível médio de vWF:Ag e vWF:RCO foi de 148% (IQR 125-169) e 71% (IQR 46-100), respectivamente. A mediana do vWF:RCO/vWF:Ag foi de 0,48 (IQR 0,32-0,62), sendo <0,7 em 35/46 (76%) amostras. Pacientes com DIPSS intermediário-2 e alto apresentaram um nível mediano maior de vWF:Ag em comparação com pacientes com DIPSS menor (189% vs. 142%. A relação vWF/vWF:Ag não se correlacionou com a contagem de plaquetas. O uso concomitante de aspirina não teve correlação com vWF:Ag ou vWF:RCO. Os níveis plasmáticos medianos do CD40Ls foram de 5,6 ng/mL (IQR 2-14). Não observamos níveis aumentados de CD40Ls em pacientes com níveis mais elevados de plaquetas ou de acordo com a classificação DIPSS. Após a coleta das amostras, os pacientes foram acompanhados por 30 meses (intervalo 1-44). Dezessete pacientes morreram durante o seguimento, principalmente relacionados a complicações da doença. Além disso, um evento de sangramento maior foi relatado e um paciente teve um acidente vascular cerebral.

Discussão e conclusão

Encontramos alta prevalência de aVWS definida pela razão vWF:RCO/vWF:Ag, mesmo na ausência de trombocitose. Os mecanismos dessa mudança qualitativa na homeostase do Fator Von Willebrand permanecem indefinidos. Uma possível explicação é o consumo por uma maior ativação plaquetária, corroborada pelo alto nível de CD40Ls encontrado. A presença de critérios laboratoriais de aVWS não se associou a sangramento clinicamente significativo, e um diagnóstico de aVWS baseado apenas em critérios laboratoriais deve ser feito com cautela em pacientes com MF. Diferentes métodos de triagem para essa população são necessários. A melhor abordagem de sangramentos ou perioperatória aonde não é conhecida.

O texto completo está disponível em PDF
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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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