Relatamos o caso de paciente masculino, 54 anos, diagnosticado em 2005 com plasmocitoma solitário em osso ilíaco e tratado com radioterapia local. Três anos após o diagnóstico, a doença progrediu para Mieloma Múltiplo (MM) cadeia leve Kappa, com deleção do TP53. Neste momento, foi realizado protocolo CyBorD (Bortezomib + Ciclofosfamida + Dexametazona) e TCTH autólogo em maio de 2009. Em 2013, o paciente evoluiu com recaída do MM, com lesões osteolíticas e aumento de Kappa no free light, sendo submetido a esquema de resgate CyBorD, seguido de tandem auto-alo, com segundo TCTH autólogo em julho de 2013 e TCTH alogênico aparentado 3 meses após. Paciente não apresentou qualquer evidência de DECH após o transplante. Menos de dois anos após o TCTH alogênico, apresentou nova recaída da doença, e foi submetido à múltiplos esquemas terapêuticos. Após uma nova progressão da doença, foi optado pelo esquema mCBAD (ciclofosfamida, borterzomibe, doxorrubicina e dexametasona), evoluindo com resposta parcial. Por apresentar quimiossensibilidade, foi optado por realizar novo transplante autólogo. Neste período, o paciente apresentava quimerismo de 100% do doador em medula óssea. Realizado condicionamento com Melfalano 200 mg/m2 e Bendamustina, com infusão de 3,14 x 106/kg de células CD34+, em junho de 2020. Em avaliação após o transplante, apresentava doença residual mínima negativa, quimerismo de 100% e Free light sérico sem alterações, mostrando resposta completa. Dezessete dias após o TCTH autólogo, iniciou episódios de diarreia, náuseas e vômitos. O estudo anatomopatológico da biópsia de estômago revela alterações sugestivas de doença do enxerto-versus-hospedeiro, grau histológico 1, e na biópsia de cólon transverso foram encontradas alterações citopáticas relacionadas ao citomegalovírus (CMV). Neste período, o paciente também apresentava reação da polimerase em cadeira (PCR) para CMV positivo em sangue periférico. Pela suspeita de DECH, foi iniciado corticoterapia, com dose equivalente à prednisona 2 mg/kg/dia. Para a infecção por CMV foi tratado com ganciclovir e transicionado para foscavir após 3 semanas de uso, devido pancitopenia. Após o início das terapias, o paciente evoluiu com melhora dos sintomas gastrointestinais. MM é responsável por cerca de 1% de todos os cânceres na população em geral e 10% dos hematológicos. Atualmente, o tratamento com altas doses de quimioterapia seguido por TCTH autólogo, se mantém como stardard para pacientes recém diagnosticados com MM e que tenham elegibilidade. O TCTH alogênico deve ser considerado, no MM, em pacientes elegíveis ao transplante, geralmente jovens, com recaída precoce após terapia inicial, com doença de alto risco. Já o transplante autólogo, no contexto de doença recidivada, pode apresentar benefício em pacientes que apresentam pelo menos 18 meses de intervalo entre transplante e recidiva da doença. DECH pode ocorrer em até 50% dos pacientes que realizam TCTH alogênico e existem raros relatos após o TCTH autólogo. O acometimento do trato gastrointestinal é uma complicação grave do TCTH. Apresentamos um caso de paciente com MM diagnosticado há quinze anos, com passagem por múltiplas linhas de tratamento. Sendo o TCTH autólogo, a última terapia realizada, após 7 anos de um TCTH alogênico. Este paciente, evoluiu com DECH de trato gastrointestinal, confirmado por biópsia, provavelmente, proveniente das células do doador do transplante alogênico.
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