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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S751-S752 (outubro 2024)
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TRAÇO FALCIFORME, DOAÇÃO DE SANGUE E QUALIDADE DOS HEMOCOMPONENTES: UMA REVISÃO DE ESCOPO
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276
TAS Santosa, M Addas-Carvalhob
a Fundação Hemominas (FH), Belo Horizonte, MG, Brasil
b Centro de Hematologia e Hemoterapia da Unicamp (Hemocentro Unicamp), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
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Objetivos

O traço falciforme (TF) caracteriza indivíduos que apresentam o estado heterozigoto para a hemoglobina S (HbAS). Mesmo considerado uma condição beninga, existem relatos de morte súbita, alterações renais, doença tromboembólica, infarto esplênico e complicações maternas e fetais em seus portadores. Por se tratar de uma condição assintomática os portadores de TF são considerados elegíveis para a doação de sangue. Há algumas restrições quanto ao uso dos concentrados de hemácias (CH) contendo HbS e problemas relacionados ao bloqueio do filtro de leucócitos. O presente estudo é uma revisão de escopo que tem como objetivo avaliar a doação de sangue em portadores de TF e o uso de CH obtidos destas doações.

Material e métodos

A revisão foi conduzida a partir das orientações do JBI e da extensão do PRISMA para revisões de escopo (PRISMA-ScR). Os critérios de inclusão para esta revisão seguiram o mnemônico PCC, tendo como população o TF, como conceito a qualidade e restrição do uso de CH, no contexto da doação de sangue. Foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed e Embase. Não houve restrição de data, país ou tipo de estudo e o processo de seleção foi realizado por pares.

Resultados

A busca identificou 160 estudos e 35 foram elegíveis para a revisão. Os estudos identificados foram publicados entre 1974 e 2023, a maior parte eram estudos comparativos e transversais, realizados principalmente nos EUA e Brasil. Os artigos selecionados foram agrupados de acordo com seu tema principal em subtemas: prevalência e método (37,1%), impacto da qualidade de CH (31,4%) e filtração/desleucocitação (31,4%). Em prevalência e método os estudos abordaram a prevalência de TF em doadores de sangue e na população geral. No impacto na qualidade de CH foram estudados condições de armazenamento, impactos hematológicos e bioquímicos e reações transfusionais relacionadas a CH coletados de doadores com TF. No subtema filtração foram identificados artigos que verificaram informações de desempenho destes procedimento realizados em CH de dodores com TF.

Discussão

A maior parte dos doadores de sangue não conhece seu status falciforme e sua prevalência está relacionada a afro-descendência. Não existe consenso sobre testes de triagem laboratorial para triagem de HbS em doadores de sangue. Estudos não recomendam a inaptidão de candidatos com TF, pois pode comprometer o abastecimento de CH com fenótipos raros. Estudos demonstraram alterações físicas e bioquímicas no armazenamento de CH contendo HbS, principalmente relacionados a rigidez das hemácias e episódios de falcização. Problemas na desleucocitação nesta situação estão associados a bloqueio de filtros e resultado final inadequado, além disso fatores como temperatura e tempo de armazenamento, pH, osmolaridade, saturação de oxigênio e tipo de anticoagulante podem interferir neste processo.

Conclusão

Foram identificadas lacunas na literatura quanto ao processo da doação de sangue em doadores TF e possíveis eventos adversos e repercussão clínica, assim como restrições do uso de seus CH. Sugerimos estudos que abordem os efeitos da doação de sangue nos portadores de HbS e as possíveis implicações clínicas da transfusão destes CH.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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