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Vol. 44. Núm. S2.
Páginas S43-S44 (Outubro 2022)
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TERAPIA COM CRIZANLIZUMABE ESTÁ ASSOCIADA A NÍVEIS DIMINUÍDOS DE VESÍCULAS EXTRACELULARES CIRCULANTES EM PACIENTES COM DOENÇA FALCIFORME E PODERIA SER ASSOCIADA À MODIFICAÇÃO NA EVOLUÇÃO CLÍNICA
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512
CM Souzaa, C Lanaroa, IPD Santosa, O Olatunyaa, STO Saada, BD Benitesa, PM Camposa, KY Fertrinb, FF Costaa
a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
b Hematology and Hemotherapy Center, University of Washington, Seattle, Estados Unidos
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As vesículas extracelulares (VEs) são pequenas estruturas liberadas na circulação sanguínea por diferentes tipos celulares que desempenham diversas funções biológicas e estão aumentadas na doença falciforme (DF). As VEs mais abundantes em pacientes com DF são derivadas de plaquetas, células endoteliais e hemácias e, recentemente, estão sendo exploradas como possíveis biomarcadores de gravidade. O crizanlizumabe (CRIZ) é um anticorpo monoclonal contra a P-selectina (CD62P), uma molécula de adesão expressa em plaquetas ativadas e células endoteliais. A P-selectina facilita a formação de agregados heterocelulares e contribui para crises vaso-oclusivas (CVOs) associados à fisiopatologia da DF. Estudos clínicos demonstraram que o tratamento com CRIZ reduz a incidência de CVO em 33%. Este estudo teve como objetivo investigar os níveis circulantes de VEs em pacientes com DF em estado estável da doença, em tratamento padrão (hidroxiureia, HU) e, alternativamente, com CRIZ em adição à HU. Participaram do estudo 20 adultos com DF e foram divididos em grupo CRIZ (6 pacientes submetidos ao tratamento com crizanlizumabe em combinação com HU, cujas amostras foram coletadas menos de um mês depois da última dose de CRIZ) e grupo não-CRIZ (7 pacientes em tratamento com HU e 7 em tratamento sintomático). As VEs foram isoladas do plasma, identificadas e quantificadas através da marcação com lactaderina+calceína por citometria de fluxo. As VEs foram marcadas com anticorpos específicos para determinar o imunofenótipo de sua célula-origem (plaquetas, células endoteliais ou hemácias). Os pacientes em terapia com CRIZ apresentaram contagens totais de VEs circulantes significativamente menores do que pacientes não tratados com CRIZ (13,1 × 106 ± 3,5 × 106/mL vs 62,6 × 106 ± 15,6 × 106,respectivamente, p = 0,0076) e níveis significativamente mais baixos de VEs derivadas de plaquetas (2,4 × 106 ± 7,4 × 106/mL vs 5,3 × 106 ± 9 × 106, respectivamente, p = 0,0169). As VEs derivadas de células endoteliais ou de hemácias (3 × 105 ± 1 × 105 vs 2,2 × 105 ± 6 × 104, e 2,1 × 106 ± 1,6 × 106 vs 1 × 106 ± 6 × 105, respectivamente) não apresentaram diferença significativa entre os grupos estudados. Recentemente, nosso grupo demonstrou que pacientes com DF apresentaram aumento significativo no número de VEs derivadas de plaquetas (CD41+) quando comparado a indivíduos controle. Entre os pacientes com DF que sofreram AVC ao longo da vida, foi observado um aumento significativo no número de VEs de plaqueta ativadas (CD41/CD62+P) quando comparado aos pacientes sem histórico de AVC (p = 0,048). As VEs são reconhecidas como possíveis bioefetores envolvidos em CVOs, contribuindo para um estado de hipercoagulabilidade, inflamação crônica e dano endotelial. Nossos achados sugerem uma associação do uso de CRIZ com níveis diminuídos de VEs, principalmente das derivadas de plaquetas. Especulamos que o crizanlizumabe possa diminuir a liberação de VEs pela redução da ativação plaquetária ou pela inibição da produção dessas estruturas por plaquetas já ativadas. Tomados em conjunto, nossos resultados sugerem que o tratamento com crizanlizumabe pode ser capaz de modular os níveis de VEs no plasma de pacientes com DF e fornecem, pela primeira vez, dados que suportam a ideia das vesículas extracelulares poderem ser biomarcadores para monitoramento da resposta clínica a esta terapia. Estudos futuros sobre a expressão de P-selectina nas VEs e como o crizanlizumabe interage com as VEs e plaquetas serão necessários para a melhor utilização dessa terapia e desenvolvimento de novos fármacos que atuem nesse aspecto da DF.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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