
O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória autoimune de etiologia tanto genética quanto ambiental que cursa com a presença de anticorpos antinucleares. É mais prevalente em mulheres adultas, entretanto também pode ocorrer em crianças. O LES apresenta fases de atividade e remissão. Na sua fase ativa uma das complicações clínicas observadas é a anemia hemolítica, ocasionando a necessidade de transfusão sanguínea.
ObjetivoRelatar utilização de técnicas complementares imuno-hematológicas em caso de paciente pediátrico diagnosticado com lúpus eritematoso sistêmico com necessidade transfusional.
Relato de casoFoi solicitado concentrado de hemácias para uma criança do sexo masculino, 9 anos, com diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico. Os testes pré-transfusionais mostraram os seguintes resultados: O RhD Positivo, PAI positivo (2+), TAD positivo (3+) com presença de IgG (3+) e autocontrole positivo (3+) e provas de compatibilidade incompatíveis. Foram realizadas fenotipagem eritrocitária (C+ c+ E- e+ K- M+ N+ S+ s+ Fya + Fyb+) e identificação de anticorpos irregulares (ID-Diapanel e ID-Diapanel-P, Bio-Rad) com resultado inconclusivo devido à pan-aglutinação em ambos os painéis. Devido aos resultados obtidos que mostravam a presença de autoanticorpos, foram realizadas as técnicas de dissociação de autoanticorpos utilizando-se o reagente ZZAP modificado (bromelina em substituição à papaína) e autoadsorção de autoanticorpos livres no plasma. O plasma adsorvido resultante foi utilizado na realização de uma nova identificação de anticorpos e novas provas de compatibilidade. A identificação de anticorpos resultou em negatividade em ambos os painéis, mostrando assim a ausência de aloanticorpos. As novas provas de compatibilidade foram compatíveis.
ConclusãoA aplicação de técnicas complementares imuno-hematológicas é uma importante ferramenta para obtenção de concentrado de hemácias compatível a ser utilizado como coadjuvante no tratamento do paciente.