
A vivência do adoecer e necessidade de hospitalização na infância, provocam repercussões psicossociais importantes e intensas na vida da criança: reforço ao sentimento de aniquilamento e mutilação (vivenciados através de condutas terapêuticas e procedimentos invasivos); incremento da angústia de morte (pelos longos períodos de hospitalização); sensação de punição (com origem e reforço na vida fantasmática da criança); despessoalização; perda da autonomia (interferindo no desejo por controle da criança, prejudicando o desenvolvimento de um ego seguro); limitação de atividades e de estimulação (limitando o senso de domínio da criança); retardo na entrada na escola ou suspensão escolar (comprometendo autoestima, auto conceito e as relações sociais do paciente pediátrico). Em nossa rotina diária nas Unidades Pediátricas, a avaliação e o acompanhamento psicológico estão fundados no brincar como forma de comunicação da criança doente e hospitalizada. É primordial que as crianças possam participar de atividades lúdicas programadas, pois através do brinquedo ela poderá experimentar sua nova forma de ser. Brincar é a forma de autoterapia da criança e em nosso Protocolo Pediátrico, esta atividade se transforma em excelente instrumento preventivo, diagnóstico, prognóstico e terapêutico na situação de adoecimento, pois experienciando, tomando consciência ou descobrindo através do brinquedo, a criança pode formular e assimilar o que experencia, facilitando a internalização, amadurecimento e melhor elaboração do processo. Utilizamos uma grande quantidade de ações específicas incluídas em atividades programadas para as Unidades Pediátricas visando ajudar as crianças a expressarem seus sentimentos e participarem ativamente do processo. Diários de bordo, desenho livre, desenho temático, desenho história, recorte e colagem, jogo palavra de criança, clínica veterinária, teatrinho com dedoches, boneco paciente, contação de histórias, hospital das crianças, música, entre outros, podem ser utilizados com excelentes resultados. O Super Mário é um livrinho de história, criado em nosso Serviço, constituindo-se como um instrumento terapêutico, especialmente voltado a orientação dos procedimentos e etapas do tratamento. Interativo e com imagens alegres e vibrantes, os pacientes podem tomar consciência, formular e assimilar o que experencia, facilitando a internalização, ressignificação e melhor elaboração do processo de adoecimento e tratamento, traduzindo-se em excelente instrumento preventivo, diagnóstico, prognóstico e terapêutico.