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Vol. 44. Núm. S2.
Páginas S74 (outubro 2022)
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SÍNDROME LINFOPROLIFERATIVA AUTOIMUNE: SÉRIE DE CASOS E SEGUIMENTO EM SERVIÇO TERCIÁRIO BRASILEIRO
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FS Azevedo, AMC Sousa, PL Zenero, AGT Mello, LL Marchi, TDM Pereira, V Buccheri, V Rocha, EDRP Velloso
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
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A síndrome linfoproliferativa autoimune (ALPS) é um distúrbio imunológico primário com desregulação do processo de apoptose de linfócitos, que gera aumento do risco de citopenias autoimunes e doença linfoproliferativa. Procedemos à descrição dos aspectos clínico-laboratoriais e seguimento em serviço terciário de Hematologia.

Material e métodos

Avaliação retrospectiva dos casos de síndrome ALPS no serviço de Hematologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo entre 2005 e 2022.

Resultado

Foram identificados 13 pacientes com diagnóstico de síndrome ALPS, com ligeira predominância no sexo masculino (53%), sendo 12 destes com ALPS provável e 1 com ALPS confirmado com mutação patogênica no gene FAS. A mediana de idade do diagnóstico foi 30 (13-61) anos. Dos casos avaliados 92,3%; 76,9% e 38,4% apresentaram linfadenopatia crônica, esplenomegalia e hepatomegalia, respectivamente. O imunofenótipo característico da patologia com células CD3 positivas com receptor de células T alfa beta e duplo negativo para CD4 e CD8 (>1,5% em linfócitos totais ou > 2,5% em linfócitos T) estava presente em todos os casos avaliados. Em relação a citopenias, anemia hemolítica foi a mais prevalente (69,2%), sendo a maior parte destes com teste de antiglobulina direta para IgG C3d (88%), seguido de plaquetopenia imune (61,5%) e neutropenia (23%). A mediana de dosagem sérica de vitamina B12 foi 747ng/L (432- acima 2000), sendo quatro casos com valores acima de 1500 ng/L. Um total de oito pacientes (61,5%) realizaram biópsia de linfonodo, destes 75% com presença de linfadenite reacional de padrão folicular. Apenas um caso foi reportado história familiar positiva para diagnóstico de síndrome ALPS em parente de primeiro grau. Também foi constatado uma transformação para linfoma de Hodgkin clássico em outro paciente. O tratamento de primeira linha utilizado foi corticóide, sendo que 69,2% dos pacientes utilizaram outro imunossupressor, entre eles ciclosporina (46,1%), micofenolato de mofetil (30,7%), azatioprina (23%) e rituximabe (15,3%). Apresentaram necessidade de mais de 3 linhas de tratamento 38,4% dos pacientes, e houve reversão completa de citopenias em 69,2% dos pacientes. Em 17 anos do total de seguimento foi constatado um óbito.

Discussão

Embora a maior prevalência de diagnóstico de síndrome ALPS ocorra na infância, os dados reportados são condizentes com a literatura com predomínio de manifestações autoimunes como início de manifestações, em detrimento de linfadenopatia na população adulta, sendo esta entidade associada a mutação do FAS em coortes prévias. Apesar da não disponibilidade de exames para diagnóstico definitivo, diante de alto índice de suspeição por avaliação clínica e imunofenótipo, pode ser instituído tratamento imunossupressor diante de citopenias e outras indicações, com taxas de resposta satisfatórias.

Conclusão

Apesar da raridade da síndrome ALPS, o diagnóstico desses casos no serviço público de saúde brasileiro permanece desafiador, ficando a maioria dos casos como diagnóstico provável, segundos os critérios revisados do National Institutes of Health (NIH) publicado em 2010. Estes pacientes têm necessidade de manutenção de vigilância pelo risco de evolução para neoplasia linfoproliferativa. O prognóstico é favorável na maioria dos casos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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