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Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 200-201 (novembro 2020)
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335
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SÍNDROME HIPEREOSINOFÍLICA E SUAS REPERCUSSÕES: RELATO DE CASO
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P.B.M. Abinadera, C.S. Souzaa, A.J.D. Garciaa, G.S.M. Lauriab, L.S.M. Limaa, D.G. Barbosac, M.O.M. Santod, P.G.N. Gonçalvesc, M.L.P. Reise
a Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), Belém PA, Brasil
b Faculdade Metropolitana da Amazônia (FAMAZ), Belém, PA, Brasil
c Universidade Estadual do Pará (UEPA), Belém, PA, Brasil
d Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, PA, Brasil
e Oncológica do Brasil, Belém PA, Brasil
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Objetivo: Relatar a experiência e os achados clínicos que favorecem o diagnóstico de uma síndrome rara conhecida como Síndrome Hipereosinofílica (SHE). Relato do caso: Sexo feminino, 68 anos, buscou atendimento hematológico em fevereiro de 2020 em uma clínica de tratamento do câncer em Belém (PA) - Clínica Oncológica do Brasil - após ter quadro arrastado e progressivo desde 2015 de dispneia aos mínimos esforços, rash malar, dor abdominal e fadiga intensa. Como antecedentes, apresenta diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e asma. Ao exame físico inicial, observou-se obesidade, rash malar, taquidispneia leve (FR 24 irpm) e esplenomegalia grau II. Como achados mais importantes de exames complementares, observou-se ausência de anemia, leucocitose (25.840/mm3) à custa de segmentados (21.705/mm3), eosinofilia persistente (10.440/mm3), trombocitose (500.000/mm3) além de elevação de vitamina B12. Tomografias revelaram doença intersticial pulmonar, esplenomegalia homogênea e fibrose hepática, enquanto o ecocardiograma mostrou disfunção diastólica do ventrículo esquerdo (fração de ejeção: 69%). Os resultados da biópsia de medula óssea demonstraram hipercelularidade da medula à custa da série granulocítica e megacariocítica, havendo 43% de presença de eosinófilos em várias fases de maturação, enquanto os exames imuno-histoquímicos mostraram precursores CD34 e/ou CD117 positivos somente em 2 a 4% das células. Já a mutação JAK2, FIPL1/PDGFRA, BCR/ABL, PDGFRB e FGR1 foram negativas. Foi então diagnosticada com SHE e tratada com Prednisona 1 mg/kg/dia (80 mg) por 30 dias, a qual forneceu supressão da hipereosinofília e consequente melhora visível do seu quadro clínico. Contudo, após desmame gradual de corticoterapia, houve recrudescência da hipereosinofília, configurando assim córtico-dependência. Assim, foi associado mesilato de imatinibe em 01/08/2020 à Prednisona (20 mg/dia). Discussão: A SHE é um distúrbio mieloproliferativo raro, incurável, em que há eosinofilia clonal no sangue periférico (contagem acima de 1.500 eosinófilos/microlitro), a qual pode infiltrar tecidos variados resultando em alterações como cirrose hepática, insuficiência cardíaca, doenças pulmonares intersticiais e rash malar, como no caso da paciente. Atualmente, a fisiopatologia envolve variados defeitos cromossômicos, induções genéticas e aumento de citocinas que estimulam a produção de eosinófilos, nem sempre se conseguindo identificar tais mutações. No diagnóstico é necessário perceber a elevação na quantidade de eosinófilos por mais de 6 meses sem outras etiologias, além dos danos e lesões que a hiper-infiltração dos eosinófilos nos tecidos propicia. Muitas vezes, por sua raridade, a SHE tem seu diagnóstico retardado, pois o alto número de eosinófilos geralmente é associado com alergias e parasitoses, além da doença cursar com manifestações bastante variadas e inespecíficas. O tratamento, em geral, é com corticoterapia em altas doses, entretanto com altas taxas de recaídas, quando se faz necessário segunda linha de tratamento, como imatinibe, interferon ou hidroxiureia. Conclusão: Diante do exposto, é imprescindível conscientizar a comunidade acadêmica a respeito dessa doença rara, de sintomatologia inespecífica e de difícil diagnóstico. Além disso, é necessária a avaliação mais rigorosa de eosinofilias persistentes, evitando-se lesões tissulares irreversíveis e consequente piora de qualidade de vida.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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