
O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática visando estimar a influência de μRNAs no prognóstico do Mieloma Múltiplo (MM) e sua correlação com biomarcadores já padronizados ou com biomoléculas já conhecidas na literatura e relacionadas a sua fisiopatologia, com a finalidade de, futuramente, criar, operacionalizar e realizar estudos que busquem responder ou agregar conhecimentos ao cuidado dos pacientes e na tomada de decisão da equipe médica.
MétodoA estratégia de busca foi realizada em diferentes plataformas, tais como, CENTRAL, EMBASE, PUBMED e WEB OF SCIENCE, nas quais foram realizadas buscas para identificar artigos que respondam à pergunta norteadora. Em seguida, ocorreu a triagem, seleção, extração, resultados e para esta revisão foi seguido o PRISMA e o guia ROBIS 1 como controle de qualidade e síntese das informações da metodologia predominante, curvas de sobrevida, caracterização dos pacientes, correlações com biomarcadores estabelecidos clinicamente ou na literatura.
Resultado1255 artigos foram triados, 82 passaram pela etapa de seleção e 33 artigos foram selecionados. Entre os motivos de exclusão foram considerados o texto incompleto (n = 41); metodologia (n = 5) e outra língua (n = 3) além do inglês. Os artigos selecionados foram subdivididos em 2 subgrupos, grupo 1 contendo curvas de sobrevida e grupo 2 curvas envolvendo regressão de Cox aliada ao Kaplan-Meier de sobrevida. Foram descritas correlações entre genes e μRNAs, anormalidades citogenéticas, parâmetros clínicos contínuos/categóricos ou não, bem como lesões ósseas /renais. As lesões apresentaram, respectivamente, 77,53% e 35,43% de frequência. Além disso, foi possível correlacionar os níveis de expressão com resposta ao tratamento dos pacientes. Foram descritos níveis elevados de miR-(146b; 548d; 554; 373; 888; 20a; 148a; 125b-5p; 767-5p) e níveis reduzidos de miR-(153; 490; 642; 455; 500; 575;19a; 214; 33b; 15a; 16-1; 483-5p; 34a; 125a) e let-7b, ambos estão associados a um mal prognóstico. Quanto ao desenho do estudo a maioria dos artigos apresentou níveis de μRNAs anteriores ao tratamento, mas somente um artigo apresentou tanto os níveis anteriores quanto posteriores.
DiscussãoFoi possível traçar um painel preditivo de acompanhamento prognóstico dos paciente com MM, mas devido ao padrão heterogêneo deste câncer, sugerimos a necessidade de se validar com estudos de acompanhamento à nível nacional visando corroborar e comprovar a robustez dos resultados apresentados.
ConclusãoCom a realização do presente estudo, foi possível caracterizar a maioria dos pacientes com MM, além de identificar os tipos e níveis de μRNAs relacionando-os a sobrevida, resposta ao tratamento, sobrevida, expressão do μRNAs, biomarcadores estabelecidos de mal prognóstico, com longos RNA não codificantes, genes e lesões ósseas e renais.