
Analisar através de ações de retrovigilância as alterações sorológicas e suas nuances dos doadores de sangue.
Material e métodoTrata-se de um estudo, descritivo e retrospectivo com abordagem quantitativa dos doadores de sangue que apresentaram alteração sorológica no período de janeiro de 2020 a abril de 2022 no hemocentro do estado do Ceará, sendo assim convocados para repetição de exames alterados por meio de mensagens via Whatsapp que é o recurso onde obtemos maior retorno desses doadores, utilizamos o contato via ligação telefônica e também por correio eletrônico. O banco de dados foi selecionado a partir do SBS-sistema de banco de sangue e tratados em planilha do programa Microsoft Office Excel 2010. Foram obedecidos todos os aspectos éticos e legais vigentes.
ResultadosNo período de janeiro de 2020 a abril de 2022, foram realizadas 120.252 doações de sangue no HEMOCE Fortaleza; dessas, 1.871 apresentaram sorologia alterada. O total de 1.307 doadores convocados compareceram e 563 não compareceram para realizar a repetição do exame alterado. Ainda nesse período, os doadores que apresentaram resultado sorológico positivo/indeterminado foram: 993 (53%) para sífilis, 131 (7%) para HbsAg, 88 (5%) para chagas, 112 (6%) para HIV, 117 (6%) para HCV, 135 (7%) para HTLV, 355 (19%) para HBC. Os resultados encontrados para cada tipo de doador com resultado sorológico alterado foram: 1.030 doadores de 1ªvez, 901 doadores de repetição e esporádicos, dos doadores de repetição 150 apresentaram soroconversão confirmada.
DiscussãoOs dados mostram que apenas 1,55% das doações apresentaram sorologias positivas ou indeterminadas, contudo, é importante ressaltar que o marcador para sífilis vem se mantendo com alta prevalência nas alterações nesses últimos 28 meses. Esse resultado se dá pela mudança na realização dos testes de triagem para sífilis. Em outubro de 2019 foi implantado um teste treponêmico automatizado na rotina. Pelo baixo índice de sorologias reagentes, evidencia-se a eficácia da triagem clinica para garantir a segurança do paciente. Foi evidenciado que 30% dos doadores não têm atendido à convocação do Hemocentro para esclarecer seu resultado sorológico, um dado estatístico bastante preocupante. Isso pode implicar em doadores doentes sem ciência do agravo, com possibilidade de transmissão de doenças, tornando evidente a importância da vigilância epidemiológica na busca desses indivíduos.
ConclusõesO serviço de hemovigilância do Hemoce trabalha para garantir o retorno desses doadores, melhorar continuamente o serviço e ajustar estratégias voltadas ao recrutamento de doadores soroconvertidos, o que tem sido um desafio. Para garantir a eficácia dessas ações, houve uma ampliação da atuação da hemovigilância no gerenciamento de ações e buscas mais intensas para o recrutamento desse doador, pois também de se trata de responsabilidade social com a saúde coletiva.