Introdução: As doenças linfoproliferativas crônicas em geral cursam com linfadenomegalia e sintomas B, fazendo diagnóstico diferencial com outras neoplasias, doenças inflamatórias e infecciosas. As diretrizes internacionais atuais recomendam a biópsia excisional do tecido suspeito como método padrão ouro para o diagnóstico dos linfomas. Esse exame permite a avaliação histopatológica e imunohistoquímica, dando um alto nível de especificidade ao diagnóstico. A tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT) é útil para estadiamento, avaliação de resposta ao tratamento e escolha do melhor sítio para biópsia de uma suspeita de recidiva. Relato de caso: Homem, 40 anos, com diagnóstico de Linfoma não Hodgkin Primário de Mediastino, estadiamento IV, com massa mediastinal de 13,5 cm x 13,5 cm x 10 cm em íntimo contato com estruturas vasculares, traqueia e pericárdio. Realizou VI R-DAEPOCH com estadiamento em final de tratamento com PET-CT sugestivo de progressão de doença em L4 e L5. Realizou novo tratamento quimioterápico com IV ciclos de metotrexate, ifosfamida e MADIT seguido de radioterapia local. Novo PET-CT sugestivo de doença em atividade pulmonar e óssea, sendo iniciado terceira linha de tratamento com CODOX-M-IVAC, interrompido após I ciclo por mucosite grau 3. Optado por tratamento paliativo em ambulatório de dor. Encaminhado ao nosso serviço com queixa de dor refratária a opióides e em busca de nova linha de tratamento. Referia perda ponderal de 12kg e dispneia aos esforços. Solicitado revisão de biópsia do diagnóstico, novas tomografias e nova biópsia para confirmação de recaída. A revisão de biópsia da lesão mediastinal inicial evidenciou neoplasia linfóide de padrão difuso, constituída por células de tamanho intermediário, com núcleos ovalados, contendo cromatina fina, sem nucléolos evidentes, e citoplasmas eosinofílicos ou pálidos. O estudo imuno-histoquímico evidenciou positividade das células neoplásicas para CD19, CD20, CD23, BCL-2, BCL-6, MUM-1, c-Myc e negatividade para CD5, CD10, CD30, CD34, TdT, ciclina D1 e SOX-11 com Ki-67 de aproximadamente 25%, compatível com a hipótese diagnóstica inicial. Os achados tomográficos foram sugestivos de espondilodiscite infecciosa nos níveis L3-L4 e L5-S1, associado a abscessos nos iliopsoas, além de opacidades pulmonares sugestivas de processo infeccioso granulomatoso em atividade e massa em mediastino anterior compatível com tumor residual. Diante disso, paciente foi submetido a teste rápido molecular para tuberculose (TB-TRM) de escarro e coleção de iliopsoas com resultado positivo. A biópsia da lesão em coluna lombar não evidenciou sinais de malignidade; contudo, demonstrou TB-TRM positivo, baciloscopia e cultura para tuberculose positivas. Confirmado diagnóstico de tuberculose e iniciado tratamento segundo esquema RIPE. Paciente evoluiu com melhora da dor e do estado geral, atualmente em seguimento ambulatorial com hematologia e infectologia. Discussão: A recaída de neoplasias linfóides é situação frequente na Hematologia e deve ser conduzida de maneira metódica. O PET-CT é muito útil para avaliação de resposta, porém não consegue diferenciar processos inflamatórios/infecciosos de neoplasia em atividade. Portanto, conforme demonstrado no caso acima, não se deve assumir que uma lesão captante ao PET-CT seja de origem neoplásica ou que seja do mesmo tipo histológico que a lesão inicial, fazendo-se sempre necessária a biópsia para confirmação de recidiva antes de qualquer conduta terapêutica.
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